Paleo & Arqueologia

Descoberta de fóssil de cérebro intacto de 310 milhões de anos comprovaria que Darwin estava errado

Cientistas norte-americanos e britânicos encontraram em um depósito nos EUA restos altamente bem preservados de um caranguejo-ferradura com um “método” ainda desconhecido. Paleontólogos encontraram nos EUA um caranguejo-ferradura de 310 milhões de anos com cérebro intato, uma das descobertas que desafia as teorias de Charles Darwin, que dão como muito pouco provável ou mesmo impossível a preservação de partes de seres vivos ao longo de muito tempo, escreveu na terça-feira (27) o portal The Conversation.
No seu livro “A Origem das Espécies” de 1859, o famoso biólogo inglês (1809-1882) teorizou que, a não ser que as condições sejam as mais favoráveis, os organismos não podem ser preservados como fósseis e “nenhum organismo totalmente mole pode ser preservado”.

(A) Espécime de caranguejo-ferradura Euproops danae de Mazon Creek, Illinois, EUA, preservado com o cérebro intacto. (B) Grande plano do cérebro, como mostra a caixa na imagem (A). (C) Reconstrução de Euproops danae, incluindo posição e anatomia do cérebro (Foto: CC BY 4.0/Russell D.C. Bicknell/Javier Ortega-Hernández/Gregory D. Edgecombe/Robert R. Gaines/John R. Paterson)

No entanto, cientistas dos EUA e Reino Unido publicaram na revista Geology um estudo no qual argumentam que existe uma nova forma de os animais e insetos serem preservados, mesmo passadas centenas de milhões de anos.

Existem exemplos de preservação de artrópodes, como insetos, remontando até o período Triássico, 230 milhões de anos atrás, através de âmbar, uma resina fossilizada que escoa através da casca de árvores, conhecida por capturar uma variedade de organismos. Esse processo impede quase toda a decomposição, permitindo que uma visualização sofisticada em escalas minúsculas de modo tridimensional dos fósseis, incluindo seu comportamento, se torne possível.

Também há fósseis ainda mais antigos nos depósitos do tipo do Xisto de Burgess, de 500 a 520 milhões de anos, que preservam de forma excepcional artrópodes marinhos na forma de películas de carbono em lamito. Assim, tempestades iniciam fluxos de lama, que enterram os animais no fundo do mar em condições de pouco oxigênio.

Com o tempo, a lama se transforma em pedra e é comprimida, e as rochas encobrem os animais. Isso costuma preservar órgãos internos, incluindo o intestino, mas poucos preservam partes do sistema nervoso central.

Artrópode cambriano Chengjiangocaris kunmingensis da China. Nervos abdominais preservados no fóssil (A) e sua posição central na reconstrução (B) (Foto: CC BY 4.0/Russell D.C. Bicknell/Javier Ortega-Hernández/Gregory D. Edgecombe/Robert R. Gaines/John R. Paterson)

No entanto, os pesquisadores deste projeto dizem que os depósitos de Mazon Creek norte-americanos, no qual encontraram um caranguejo-ferradura, ou Euproops danae, preservam fósseis em concreções feitas de um mineral de carbonato de ferro chamado siderite, incluindo seus tecidos moles internos. Isso acontece com a rápida formação de siderite, que molda os animais e seus órgãos internos antes que comece sua decomposição.

Os benefícios imediatos desta forma de a natureza preservar animais antigos incluem a descoberta de uma grande semelhança entre os sistemas nervosos do Euproops e dos caranguejos-ferradura modernos, com uma configuração semelhante dos nervos dos olhos e apêndices e igual abertura central para a passagem do esôfago.

“Parece que, afinal de contas, Charles Darwin não precisava ter sido tão pessimista em relação ao registro fóssil”, concluem os autores da pesquisa.

Foto de capa: CC BY 4.0/Russell D.C. Bicknell/Javier Ortega-Hernández/Gregory D. Edgecombe/Robert R. Gaines/John R. Paterson

Fonte: Sputnik News Brasil

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