A personalidade começa a ser formada no primeiro mês de vida, diz estudo
A pesquisa estadunidense identificou diferenças significativas na atividade cerebral relacionada ao temperamento em recém-nascidos
Afinal, quais características comportamentais nascem com a gente e quais adquirimos ao longo da vida? Foi em busca destas respostas que um estudo norte-americano coletou dados de setenta e cinco recém-nascidos com até um mês de idade.
O resultado foi publicado na revista científica Frontiers in Psychiatry e trouxe luz para uma questão intrigante: a origem dos nossos traços de personalidade e os fatores que definem o nosso comportamento.
A pesquisa foi realizada através da observação e comparação entre as atividades cerebrais dos recém-nascidos a fim de identificar o temperamento comportamental deles e a existência de características inatas — os tais traços de personalidade que não dependem de aprendizado ou de experiência prévia — e as respostas foram surpreendentes.
O estudo constatou diferenças significativas no funcionamento cerebral dos recém-nascidos em cada uma das três redes funcionais divididas pelos pesquisadores: FPN, ligada a comportamentos de orientação (facilidade em se tranquilizar, por exemplo); DMN, referente às emoções negativas (tristeza ou medo); e o HIN, conectada às emoções positivas (sorrisos ou felicidade).
Isso ajudou a mapear as diferenças individuais no temperamento dos bebês. “A variabilidade na conectividade da rede cerebral funcional tem sido associada a diferenças individuais em traços cognitivos, afetivos e comportamentais em adultos”, afirma a pesquisa.
Ao constatar que as conexões cerebrais que atuam na área comportamental e cognitiva humana existem desde o nascimento, a pesquisa inédita abre as portas para uma análise mais complexa sobre aspectos relacionados à individualidade e ao desenvolvimento de uma personalidade. Ou seja, se antes pensávamos que os bebês eram “folhas em branco”, este estudo mostra que algo da personalidade já está ali no recém-nascido.
“Estas descobertas lançam uma nova luz sobre as origens cerebrais das diferenças individuais nos traços comportamentais e, portanto, representam uma nova abordagem viável para investigar as trajetórias de neurodesenvolvimento típico e atípico” diz o estudo.
Fonte: Terra