Ciência

As duas possíveis explicações científicas para as dez pragas do Egito

De acordo com Êxodo 7:11, para convencer o faraó a libertar os hebreus (ou israelitas) liderados por Moisés e maltratados pela escravidão, o Deus de Israel teria transformado as águas do Rio Nilo em puro sangue; feito rãs surgirem por toda a parte; infestado a população com piolhos; feito uma revoada de moscas tornar noite os céus; causar a morte sistemática dos animais; o surgimento de pústulas pelo corpo das pessoas; trazer a chuva de granizo que destruiu plantações; formado uma nuvem de gafanhotos; feito durar três dias de escuridão; e causado a morte dos filhos primogênitos e de animais.
Essas teriam sido as Dez Pragas que assolaram o Egito, como reflexo da fúria divina após o faraó negar o pedido feito por Moisés e seu irmão Aarão. Até hoje, a passagem bíblica é vista como um exemplo do que pode acontecer a uma pessoa se ela duvidar ou se recusar a reconhecer o poder de Deus Todo-Poderoso.
Enquanto muitos cristãos fervorosos acreditam que as 10 Pragas aconteceram exatamente desse jeito, ainda que pareça fantástico — muito embora o poder do próprio Deus seja reconhecido como tal — algumas teorias científicas que surgiram ao longo dos séculos sugerem que as pragas do Egito, de fato, ocorreram, mas de maneira diferente do que diz a Bíblia.

A teoria Trevisanato

Sétima praga do Egito (Foto: Wikipedia)

Em As Pragas do Egito: Arqueologia, História e Ciência Olhe na Bíblia, o microbiologista Siro Trevisanato escreveu que cinzas vulcânicas da Ilha de Santorini, localizada a sudeste do continente grego, teriam sido carregadas até o Egito e contaminado a água com uma coloração vermelha, atribuída ao sangue na Bíblia.
Isso teria acontecido devido à erupção minoica, também chamada Erupção de Tera, uma das maiores catástrofes vulcânicas da história dos últimos 10 mil anos, ocorrida em meados do II milênio a.C., entre 1.650 e 1.450 a.C. Suas cinzas conteriam um mineral conhecido como cinábrio, o sulfeto de mercúrio, do nome grego que significa “sangue perdido de dragão”.
Contudo, esse flagelo não foi o único relacionada à erupção minoica, na verdade, de alguma forma Trevisanato conseguiu associar todas as pragas lançadas sobre o Egito ao que aconteceu em Santorini.

(Foto: Reprodução)

Como ressalta um artigo da Time, a segunda praga teria acontecido exatamente pela quantidade expressiva de cinábrio na água, que teria a tornado ácida, fazendo as rãs saltarem de um ponto a outro em busca de água limpa.
A terceira e quarta praga, das moscas e piolhos, pode ter começado após os insetos se enterrarem nos corpos de humanos vivos e animais mortos enquanto o Egito continuava a sentir os efeitos da erupção.
Da quinta a oitava praga, teria ligação com os efeitos da chuva ácida, o subproduto das cinzas vulcânicas, que envenenara a grama. Os animais consumiram essa pestilência e passara para os humanos, causando os ferimentos na pele.

Uma cópia de um manuscrito alemão do século 15 retratando a praga de insetos (Foto: Coleção Historica Graphica/Heritage Images/Getty Images)

As tempestades de granizo foram, então, ocasionadas pela própria chuva ácida, que só não era tão violenta quanto a Bíblia alega. Os gafanhotos seriam uma consequência direta das condições muito úmidas, prosperando nesse ambiente ideal para o desenvolvimento. E, como é de se esperar em qualquer grande erupção, os três dias de escuridão deram origem à penúltima praga, com a quantidade de cinzas no ar.
Segundo os estudos de Trevisanato, a morte de todo o filho homem primogênito pode ter acontecido devido a uma espécie de histeria coletiva motivada por um medo divino, visto que os primogênitos sempre foram encarados como um arauto dos Céus. Os pais teriam os sacrificados em um esforço desesperado para atenuar a ira de Deus.

A teoria Marr

(Foto: Reprodução)

Trevisanato não foi o único, porém, a formular uma teoria para como teria surgido as 10 Pragas do Egito. Em um artigo publicado no The New York Times, em 1996, o epidemiologista Dr. John Marr sugeriu que a presença de algas vermelhas nas águas do Nilo causaram uma sucessão de acontecimentos semelhantes aos desencadeados pela erupção minoica proposta pelo microbiologista.
Essa “maré vermelha” não só teria tingido as águas do rio, bem como matado os peixes, forçando as rãs a procurarem outro lugar ao perderam uma fonte primária de alimento. Quando elas começaram a morrer de fome, insetos voaram em bando para reclamarem seus corpos.
Marr propôs que os piolhos também poderia ser um inseto chamado culicoides, que bota ovos na poeira e adoece o gado por doenças, como a peste equina. Nos humanos, o mormo teria sido a causa dos furúnculos pela pele, uma doença descrita por Aristóteles em 330 a.C., causada por comer carne contaminada pelo contato de insetos e moscas.

(Foto: Reprodução)

A morte dos primogênitos e dos animais foram causadas por uma toxina deixada pelos gafanhotos nas plantações mofadas, transportada pelo ar pelas tempestades de granizo que, de acordo com Marr, aconteceram de forma independente. Os três dias de escuridão, inclusive, teriam sido causados por uma tempestade de areia.
“Para mim, não importa se os cientistas são capazes de encontrar uma base histórica para algo que aconteceu há 3.500 anos. A mensagem central é que Deus trouxe as pragas sobre o Egito para libertar os escravos israelitas”, disse Rabino Yonathan Neril, o diretor-executivo do Centro Interfaith para o Desenvolvimento Sustentável, em entrevista à Time.
Ele é só apenas um dos que não estão dispostos a acreditar em toda essa especulação científica. No entanto, Neril reconhece que a ciência pode ajudar as pessoas a entender o motivo de as pragas, supostamente, terem acontecido. Mas e você, no que acredita?

Fonte: Mega Curioso

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