Bem-estar

Existe cura para o envelhecimento? Cientista acredita que sim

Envelhecer é algo natural e inevitável, o destino de todos nós. É assim que a grande maioria de nós encara o curso da vida — mas não o geneticista David Sinclair. ‘Não é porque envelhecimento é algo comum que é mais aceitável do que o câncer’, diz o geneticista David Sinclair

Se existe uma certeza universal é de que todo ser humano envelhecerá. Enquanto a maioria das pessoas já se contentou com isso, há pesquisas sendo desenvolvidas para buscar provar que até mesmo isso não é inevitável.
O cientista David Andrew Sinclair, especialista em genética, está à frente de um estudo que busca saber por que ficamos velhos, e ele tem como finalidade provar a possibilidade de retardar o envelhecimento humano.
A pesquisa de mais de duas décadas é desenvolvida em um laboratório na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e deseja provar que envelhecer é uma doença que pode ser tratada. Com alguns hábitos simples é possível ter uma vida mais longa e saudável e, futuramente, com a ajuda de remédios, isso também será possível.

Por que envelhecemos?
Em uma entrevista dada à BBC News Brasil, David Sinclair diz ter feito grandes descobertas quanto ao corpo humano quando este fica velho. Segundo ele, atualmente há nove principais causas do envelhecimento e, por meio do seu estudo, o cientista percebeu que uma delas é responsável por muitos dos outros motivos — senão de todos eles.
O geneticista explica haver dois tipos de informações no corpo humano: a primeira é aquela que herdamos de nossos pais e a segunda é a influenciada pelo ambiente e pelo tempo. O processo de envelhecimento envolve a perda dessas informações especificamente. Em outras palavras, existe o código genético e o epigenoma (sistema da célula que controla quais genes são ativados e desativados).
Com o tempo, o epigenoma começa a perder informações, sua capacidade de ativar os genes certos no momento correto passa a não existir e o cientista acredita que é por isso que o ser humano envelhece.

Descobrimentos da pesquisa
De acordo com Sinclair, mais de 80% da saúde do ser humano depende de como ele vive, não do DNA. Assim, analisando pessoas que vivem muito, o doutor e outros cientistas do estudo identificaram que comer certos tipos de alimento, ingerir poucas calorias e com menos frequência e, ainda, fazer exercícios são algumas práticas em comum dessas pessoas.
Em sua análise, ele constatou que esses hábitos permitem que o epigenoma funcione por mais tempo, diminuindo drasticamente o ritmo de avanço do relógio do envelhecimento. Além das moléculas naturais, há também algumas sintéticas que mostram ser promissoras em retardar o envelhecimento e prolongar a vida dos animais e também dos seres humanos.
Há ao menos duas drogas que já estão disponíveis no mercado e estão sendo estudadas, uma delas é a metformina, destinada a pessoas com diabetes tipo 2. Por isso, Sinclair confia que em pouco tempo será possível retardar o envelhecimento com medicamentos.

O pesquisador David Andrew Sinclair comanda um laboratório em Harvard que investiga o envelhecimento (Foto: Getty Images)

Envelhecer é uma doença?
Segundo a percepção e a pesquisa do professor Sinclair, envelhecer é uma doença, logo deve ser tratada como tal. O doutor explica que doença nada mais é do que um processo que ocorre ao longo do tempo e que resulta em invalidez e/ou morte de uma pessoa.
E, conforme seus estudos, ficar velho tem as mesmas características. Portanto, a ideia é mostrar que o envelhecimento é uma condição médica tratável, ora que é possível retardar e evitar com que ele aconteça.

A proposta do estudo
Sinclair conta que ele e os demais cientistas que fazem parte da pesquisa estavam buscando uma maneira de zerar o epigenoma, apontado até então como o causador do envelhecimento, porém todas as práticas não tiveram sucesso. Mas ao examinar vários genes, eles encontraram três, chamados de fatores Yamanaka, capazes de reverter o envelhecimento com segurança e sem que as células percam sua identidade.
O teste foi feito primeiramente em pele humana e células nervosas. Após sucesso, ele foi aplicado em ratos com nervos ópticos danificados, que conseguiram restaurar a visão porque sofreram rejuvenescimento.
Os estudos com roedores também foram promissores, então o próximo passo da pesquisa é expandir os testes para humanos. O objetivo inicial será o mesmo: curar a cegueira em pessoas.

Fonte: Mega Curioso

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