Saúde

Técnica mais segura para transplante de célula-tronco é desenvolvida

Para diversos tipos de câncer, principalmente no caso de leucemias — câncer no sangue — o transplante de célula-tronco é o tratamento padrão ouro. No entanto, muitos pacientes são frágeis para o procedimento devido o chamado regime de condicionamento que destrói as células-tronco de um paciente primeiro para que ela possa receber as do doador — assim o sistema imunológico fica baixo e não tem como rejeitar as novas células.
Contudo, um grupo de pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em St. Louis, desenvolveu um método de transplante de células-tronco que não requer radiação ou quimioterapia, ou seja, não precisa que as células-tronco do paciente sejam destruídas antes do transplante. “Ser capaz de fazer um transplante de células-tronco sem ter que dar radiação ou quimioterapia seria transformador”, disse o oncologista e autor sênior da pesquisa Dr. John F. DiPersio.
“Isso poderia eliminar contagens de células sanguíneas perigosamente baixas, complicações hemorrágicas, danos a órgãos e infecções. Tem implicações específicas para a realização de transplantes de medula óssea ou terapia genética para pacientes com doenças não cancerosas, como anemia falciforme, onde a toxicidade da quimioterapia — É importante evitar o condicionamento associado à radiação. Temos mais trabalho a fazer antes de estarmos prontos para traduzir essas descobertas para as pessoas, mas estamos encorajados com os resultados deste estudo”.
De acordo com o estudo, publicado no Journal of Clinical Investigation e divulgado pelo Medical Xpress, a estratégia adota uma abordagem imunoterapêutica que combina a eliminação das células-tronco com drogas moduladoras da imunidade, evitando assim que o sistema imunológico rejeite as novas células-tronco do doador.
Os resultados dos testes, que foram feitos em ratos, sugeriram que essa forma combinada de transplante pode ser eficaz contra a leucemia. O novo método abre as portas para um transplante mais seguro, não apenas para pacientes com câncer de sangue, mas outros tipos de doenças menos fatais e que exijam o procedimento.

Pesquisadores desenvolvem técnica mais segura para transplante de célula-tronco (Foto: Shutterstock)

“Ao combinar os conjugados ‘anticorpo-droga’ com inibidores de JAK [imunossupressores chamados inibidores da quinase Janus], fomos capazes de alcançar um transplante bem-sucedido entre duas cepas de camundongos completamente não relacionadas”, explicou o autor principal, Dr. Stephen P. Persaud, instrutor em patologia e imunologia. “Um transplante bem-sucedido através de uma barreira imunológica tão rigorosa é promissor para eventualmente ser capaz de controlar esta técnica para pacientes com leucemia”.
Os pesquisadores também descobriram que a nova técnica atingiu um equilíbrio ao atacar apenas as células doentes e não tecidos saudáveis — quando isso acontece, é chamado de doença do enxerto.
“Quando você dá inibidores de JAK desde o início, há evidências de que eles evitam que a doença do enxerto contra o hospedeiro se desenvolva mais tarde”, afirmou DiPersio. “Além disso, ao contrário de um transplante regular usando radiação e quimioterapia como condicionamento do transplante, nenhum dos ratos desenvolveu qualquer redução em suas contagens sanguíneas, que é a principal complicação com risco de vida dos transplantes de células-tronco tradicionais. A quimioterapia e a radiação destroem todas as células antigas de uma vez. Com a nova estratégia, as células antigas foram lentamente substituídas por células de doadores e, por isso, nunca vimos qualquer queda nas contagens de células sanguíneas nesses camundongos. As contagens de células sanguíneas pareciam normais até o final”.
Segundo o Dr. Persaud, a técnica precisa de mais estudos para tentar ser aplicada em humanos, contudo, ambos os autores já entraram com um pedido de patente para registro da nova combinação como tratamento em caso de transplantes de células-tronco.

Fonte: Olhar Digital

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