Cultura

Mostra de filmes marca os 60 anos da Terra Indígena do Xingu

De 1º/12 a 12/12, evento acontece de forma on-line e gratuita

De 1º a 12 de dezembro, a Mostra Ecofalante de Cinema promove a programação especial Xingu 60 Anos, com 31 filmes disponibilizados de forma on-line e gratuita. O evento marca as seis décadas de existência do Parque Indígena do Xingu, criado em 1961 para garantir a sobrevivência, melhores condições de vida e a posse da terra à população indígena da região e para preservar sua cultura, seus hábitos e suas crenças. À época a maior e mais importante reserva indígena brasileira, o parque foi uma iniciativa de sertanistas liderados pelos irmãos Villas-BôasCláudio, Orlando e Leonardo.
A programação traz curtas, médias e longas-metragens, reunindo produções pioneiras realizadas a partir de 1932 até títulos finalizados em 2021 e ainda inéditos. Destacam-se obras assinadas por cineastas consagrados — como Aurélio Michiles, Mari Corrêa, Maureen Bisilliat, Paula Gaitán e Vincent Carelli — ao lado de trabalhos recentes de realizadores indígenas originários da região do Xingu, como Takumã Kuikuro, que estreia na mostra dois novos títulos, e Kamikia Kisêdjê. Os filmes e demais atividades podem ser acessados gratuitamente através do site do evento Ecofalantes (clique aqui), sendo parceira a plataforma Cultura em Casa (clique aqui).

Sobre os debates

Com o objetivo de conhecer e entender melhor o Parque Indígena do Xingu — em que circunstâncias ele foi criado, o impacto da criação da primeira grande Terra Indígena demarcada pelo governo federal e os desafios que enfrenta — Xingu 60 Anos organizou três debates.

“Yarang Mamin” (Brasil, 2019, 21 min) — Kamatxi Ikpeng (Foto: Divulgação)

Debate 1: Parque Indígena do Xingu (PIX): Origens — 2/12, quinta-feira, às 18h

Com André Villas-Bôas (antropólogo e secretário-executivo do ISA — Instituto Socioambiental), Maiware Kaiabi (líder do povo Kaiabi) e Mekaron Txucarramãe (líder Kayapó e primeiro indígena a se tornar diretor do PIX), com mediação de Marina Kahn (presidente do Iepé — Instituto de Pesquisa e Formação Indígena). O encontro pretende contextualizar a decisão de criar o parque, o momento histórico em que esse projeto se concretizou e os obstáculos que os seus idealizadores tiveram que enfrentar.

“Xingu — Terra Ameaçada” (Brasil, 2007, 49 min) — Washington Novaes (Foto: Divulgação)

Debate 2: Imagens do Xingu — 3/12, sexta-feira, às 18h

Com Carlos Fausto (antropólogo e documentarista), Kamikia Kisêdjê (cineasta), Takumã Kuikuro (cineasta), Mari Corrêa (cineasta, fundadora e diretora do Instituto Catitu) e Vincent Carelli (indigenista, documentarista e fundador do projeto Vídeo nas Aldeias), com mediação de Flávia Guerra (documentarista e jornalista cultural). O encontro promove uma conversa sobre a representação audiovisual dos povos indígenas da região do Xingu, desde a documentação dos cineastas — em sua maioria, estrangeiros — que acompanharam os irmãos Villas-Bôas em suas expedições, até o recente surgimento dos coletivos indígenas de cinema e sua apropriação do meio audiovisual e de sua própria representação.

“Raoni” (França/Brasil/Bélgica, 1978, 84 min) — Jean-Pierre Dutilleux e Luiz Carlos Saldanha (Foto: Divulgação)

Debate 3: O Xingu Hoje — 11/12, sábado, às 18h

Com Douglas Rodrigues (médico sanitarista, do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo), Ianukulá Kaiabi Suyá (presidente da ATIX — Associação Terra Indígena Xingu), Ivã Bocchini (indigenista do ISA — Instituto Socioambiental e articulador dos planos de gestão territorial — TIX), Kátia Ono (articuladora comunitária e assessora técnica em manejo de recursos naturais e fogo do ISA — Instituto Socioambiental), Sofia Mendonça (médica sanitarista e coordenadora do Projeto Xingu, do Departamento de Medicina Preventiva, da Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo), Tapi Yawalapiti (professor, ex-vice-presidente do IPEAX — Instituto de Pesquisa Etno Ambiental do Xingu ex-presidente do Conselho Local de Saúde Indígena do Alto Xingu do Polo Base Leonardo Villas-Bôas e liderança indígena) e Watatakalu Yawalapiti (liderança das mulheres indígenas do Alto Xingu), com mediação de Biviany Rojas (ISA — Instituto Socioambiental).

“Uaka” (Brasil, 1988, 77 min) — Paula Gaitán (Foto: Divulgação)

O debate coloca em discussão quais são as condições atuais de vida e manutenção do modo de vida dos povos indígenas — o Parque Indígena do Xingu está cumprindo a sua função original? Como os povos indígenas veem esse território hoje e a possibilidade de sua preservação diante dos muitos desafios?

Xingu 60 Anos é viabilizado através da Lei de Incentivo à Cultura e do Programa de Apoio à Cultura (ProAC). Tem patrocínio do Mercado LivreColgate e da Spcine, empresa pública de fomento ao audiovisual vinculada à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Conta com apoio da White MartinsValgroup e Itaú. É uma produção da Doc & Outras Coisas e coprodução da Química Cultural.

“Xingu/Terra” (Brasil, 1981, 74 min) — Maureen Bisilliat (Foto: Divulgação)

A realização é da Ecofalante, do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, do Ministério do Turismo e do Governo Federal. Mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado às temáticas socioambientais, a Mostra Ecofalante de Cinema realizou sua 10ª edição nos meses de agosto e setembro últimos. A iniciativa, da ONG Ecofalante, tem direção de Chico Guariba.

Fonte: Revista Intertelas

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