Ursos polares precisam se deslocar 64% mais para encontrar alimentos
Rastreamento por satélite mostrou que, devido ao derretimento de gelo no Ártico, os animais têm enfrentado maiores dificuldades para caçar onde podem sobreviver
O derretimento do gelo no Alasca está forçando os ursos polares a se deslocarem mais em busca de comida, revela um estudo recente publicado no periódico Ecosphere. A pesquisa mostra que a área que os animais precisam ocupar para conseguir alimentos e outros recursos é cerca de 64% maior no período entre 1999 e 2016 em comparação ao intervalo de 1986 a 1998.
Os dados foram obtidos a partir de rastreamento por satélite para acompanhar os padrões de movimentos de fêmeas na região do Mar de Beaufort, porção do Oceano Ártico ao norte do Alasca. A equipe do Serviço Geológico dos Estados Unidos constatou que, para permanecer em seus habitats de gelo marinho, os ursos estão se deslocando mais para o norte. “Ter que viajar mais longe significa que esses ursos estão gastando mais energia que pode ameaçar sua sobrevivência”, diz Anthony Pagano, pesquisador da Universidade Estadual de Washington, em comunicado.
Isso está acontecendo devido ao derretimento do gelo próximo à plataforma continental do Alasca e Canadá, onde os ursos costumavam caçar focas que se alimentam dos muitos peixes nas águas rasas da região. Agora, porém, os ursos brancos estão viajando para águas mais profundas e encontrando menos focas, o que alimenta o círculo vicioso de percorrer trajetos mais longos para encontrar comida.
“O impacto combinado de ter que, no verão, se mover mais e mais para o norte com o gelo e depois voltar no outono e inverno à medida que o gelo congela está se tornando um grande pedágio”, alerta Pagano.
Além disso, outro motivo de preocupação apresentado pela pesquisa é que aproximadamente 20% da população dos ursos no Mar de Beaufort estão deixando seus tradicionais campos de caça no gelo marinho e partindo para o interior da costa. Eles vão em busca de carniça e frutos. “À medida que mais ursos se movem em terra, suspeito que haverá muito mais competição por esses recursos alimentares e provavelmente começaremos a ver mais reduções em abundância e sobrevivência”, esclarece o principal autor do estudo.
Como próximo passo, os pesquisadores pretendem estudar mais a fundo a interação entre os animais e seu novo habitat terrestre. Pagano chama atenção para como os humanos podem colaborar para preservar os 800 ursos polares remanescentes no Mar de Beaufort: contendo as emissões de carbono, principal causa por trás do derretimento do gelo nas águas do Ártico.
Fonte: Um Só Planeta