Autora reflete sobre fracasso ocidental em questões humanitárias básicas
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2022/02/autora-ana-mariza-fontoura-vidal.jpg)
Psicóloga que aprendeu com Paulo Freire o método de alfabetização de adultos e foi perseguida pela ditadura publica ensaio com crítica social
Para a psicóloga, psicanalista e escritora Ana Mariza Fontoura Vidal, o mundo assiste ao fracasso ocidental em questões humanitárias básicas. Saúde, educação, emprego, carências comprovadas por índices de desenvolvimento baixíssimos. Um olhar particular desta realidade é apresentado no livro O triunfo de Pelágio e o mundo sem a Graça.
“Minha principal motivação é o desejo de compartilhar conhecimentos que adquiri e que vejo como necessários, como fonte de informação para pessoas que não tiveram as mesmas oportunidades que tive”, explica Ana Mariza Fontoura Vidal ao site Aventuras na História.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2022/02/Banner-1-1024x101.png)
Em 84 páginas, a autora analisa criticamente o ocidente, especialmente o Brasil, além de apresentar uma tese de como a experiência cristã, distinta da religiosidade, pode transformar as pessoas e o mundo em um lugar melhor.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2022/02/capa-livro-ana-mariza-fontoura-vidal.jpg)
O ensaio se desdobraria inicialmente em um projeto de pesquisa, mas acabou virando livro após a descoberta de um câncer, em 2020. A ela foram dados seis meses de vida, daí a decisão de publicar o livro. Ana queria reverberar o tema que, para ela, não existe sendo discutido, mas sim praticado.
A psicóloga, servidora federal aposentada, também é autora de A beleza última, escrita como memória a sua família. Na autobiografia, ela registra a experiência política durante os anos de ditadura militar e a sua perspectiva sobre a ética e a política a partir do exercício da fé.
Resposta humanitária
A autora interroga por que uma civilização autodeclarada judaico-cristã se apresenta, após milênios, sem uma resposta humanitária. E desenvolve uma tese de como a experiência cristã, distinta da religiosidade, pode promover um mundo novo, cheio de “Graça”, ou seja, uma fé viva, não só dogmatizada e ritualizada.
“Política e religião são assuntos necessariamente relacionados, uma vez que a busca dos dois assuntos é uma ética verdadeiramente humanista. A condição humana pede tanto ações políticas voltadas para o bem comum como pede um algo mais, que só a relação com o sagrado pode prover”, diz ela.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2022/02/FERRARI_MAQUINAS-E-FERRAMENTAS2.jpg)
“No caso do Ocidente isso é gritante, já que atravessamos o século XX envoltos em duas grandes guerras e estamos percorrendo a terceira década do século XXI com índices absurdos de sofrimento e de baixíssima qualidade de vida. O ocidente está à beira de uma guerra que, se ocorrer, afetará todo o globo. E somos uma civilização chamada judaico-cristã! As pessoas que vemos naufragando em busca de um futuro melhor refletem o sintoma de uma grande e triste metáfora do fracasso ocidental. O que aconteceu com a civilização judaico-cristã?”.
‘Educação, educação, educação’
O título da obra é uma referência ao sacerdote do século V, Pelágio, cuja visão prevalece na cultura ocidental de que a moral cristã é suficiente para moldar o ser humano no sentido de um mundo mais digno. Um contraponto à visão de Agostinho — defendida pela psicóloga — de que somente sob a “Graça” os indivíduos podem tornar-se generosos, fraternos e justos.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2022/02/Serra-Pack-459.png)
Quando questionada sobre o que é necessário para o Brasil se tornar um país mais justo e igualitário, Ana Mariza Fontoura Vidal dá uma resposta crucial.
“Educação, educação, educação. A Coreia do Sul mudou seus índices de qualidade de vida, em uma ou duas décadas, investindo em educação. E que a população melhor educada saiba lutar por seus direitos constitucionais. As pessoas que morreram e/ou perderam o que tinham neste janeiro chuvoso não foi por causa das chuvas; foi pelo desrespeito constitucional ao direito à moradia, saúde e segurança”, finaliza ela.
![](https://jornalfatosenoticias.com.br/wp-content/uploads/2022/02/Arte-Autoescola-Galatas_endereco_portal-1024x103.png)
Fonte: Aventuras na História