Cultura

Maus: a obra-prima que denunciou os horrores do Holocausto

A aclamada obra Maus, do cartunista Art Spiegelman foi vencedora do renomado Prêmio Pulitzer, em 1992

Maus é um romance gráfico iniciado em 1980 e terminado somente em 1991. Produzido pelo sueco Art Spiegelman, ilustrador, escritor e cartunista, famoso por sua produção de charges, ilustrações e capas para a reconhecida revista estadunidense The New Yorker. No ano de 1986 foi lançado o primeiro volume desta obra que chegou a ser exibida no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, rendendo ao autor o prestigiado prêmio Pulitzer de jornalismo em 1992.
O romance é triste e realista, de forte carga emocional e utiliza a alegoria de animais como simbolismo dos personagens (ratos como judeus, gatos como nazistas, poloneses como porcos, estadunidenses como cães, etc.). Esta ferramenta serve para ironizar o contexto desumano e cruel do nazismo, contrastando com símbolos capitalistas como Mickey Mouse e o mundo fantasioso de Walt Disney.

A HQ conta a história dos pais de Art Spiegelman, os quais sobreviveram ao Holocausto. Foca principalmente na figura do pai, Vladek Spiegelman, e de como o mesmo conseguiu sair vivo — porém obviamente traumatizado — após sofrer nos campos nazistas da Segunda Guerra Mundial e como isto veio a afetar as vidas de sua esposa e do próprio Art.

Trecho de Maus (Foto: Wikimedia Commons)

Carreira como cartunista
Nascido em 15 de fevereiro de 1948, na Suécia, Art Spiegelman é filho de judeus poloneses, que sobreviveram ao brutal campo de concentração de Auschwitz. Após o fim da guerra, a família mudou-se para os Estados Unidos, onde recomeçaram uma nova vida. Ainda na adolescência, o autor desenvolveu interesse por quadrinhos, aprimorando o talento para a arte. Já na década de 1970, o cartunista tornou-se símbolo do movimento underground dos comixs nos Estados Unidos.
Em 1972, Spiegelman foi convidado para contribuir para a primeira edição de uma revista em quadrinhos. Em um primeiro momento, o artista pensou em desenvolver uma história voltada para assuntos raciais que estavam em alta na época. Contudo, o autor mudou de ideia e decidiu ambientar a HQ no triste cenário da Segunda Guerra Mundial.

Trecho de Maus (Foto: Wikimedia Commons)

Ao concluir a tirinha, ele a mostrou a seu pai, que lhe deu outras informações sobre este período. Tal fato despertou o interesse do artista, que a partir disso começou a pesquisar ainda mais sobre o assunto. Nos anos seguintes, Spiegelman coletou diversas entrevistas de sobreviventes e especialistas que o inspiraram a desenvolver a obra Maus.

A narrativa
A história é dividida em duas linhas do tempo que conversam entre si. A trama apresenta judeus como ratos, alemães como gatos, poloneses como porcos e norte-americanos como cachorros. Em geral, a obra retrata todos os horrores do Holocausto a partir dos relatos pessoais do pai de Spiegelman, sobrevivente de Auschwitz. Contudo, por diversas vezes, o ator interrompe a narrativa para levar o leitor a ter dúvidas e inquietações. Com um valor histórico inegável, a HQ apresenta, ainda, um protagonista marcado pelos traumas vividos durante a Segunda Guerra Mundial. Além disso, o personagem principal é apresentado como um homem valoroso e destemido.

O sucesso da obra
Na década de 1980, o primeiro capítulo da obra foi inserido na segunda edição da revista Raw. Mais tarde, os capítulos seguintes apareceram nas outras edições. Após ser amplamente elogiada pela crítica do New York Times, Maus foi publicada pela editora Pantheon Books. “Uma história épica contada em minúsculos desenhos”, escreveu o New York Times.

Maus, de Art Spiegelman (2005) (Foto: Divulgação/Quadrinhos na Cia)

“Maus é uma obra-prima. Como todas as grandes histórias, diz mais sobre nós mesmos do que poderíamos imaginar”, publicou a crítica do site The Guardian. Já em 1992, a HQ tornou-se o primeiro e único livro em quadrinhos a ganhar o conceituado Prêmio Pulitzer. Atualmente, a trama é considerada uma das maiores obras-primas dos últimos tempos.
“Um triunfo modesto, emocionante e simples — impossível descrevê-lo com precisão. Impossível realizá-lo em qualquer outro meio que não os quadrinhos”, escreveu o Washington Post. No Brasil, o livro foi relançado em 2005, pela Quadrinhos na Cia, com a tradução de Antônio de Macedo Soares. Nesta edição, a editora reuniu as duas partes do livro em um único volume.

Foto de capa: Wikimedia Commons/Art Spiegelman/Louise Fili Art Spiegelman

Fonte: Aventuras na História

Luzimara Fernandes

Luzimara Fernandes

Jornalista MTB 2358-ES

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