Meio ambiente

A Vale S.A. e seus tentáculos

Localizada ao lado da Área de Proteção Ambiental (APA) do Mestre Álvaro, a pacata e tranquila comunidade de Pitanga, vem sofrendo há alguns anos com um pó preto que, segundo moradores, já está afetando as crianças provocando problemas respiratórios e incomodando a todos, já que não conseguem manter suas casas limpas por muito tempo. Segundo eles, em especial as mulheres, quando passam pano na casa de branco, fica preto, tudo por causa desse material depositado na cratera de uma antiga pedreira.
O líder comunitário, Luiz Henrique Ribeiro Fernandes, conhecido por Zica, disse que o aterro está paralisado, mas que não tem conhecimento da composição do rejeito.

APA – Mestre Álvaro (Foto: Trilheiros/Santana)

“Já tem bastante tempo que o aterro está paralisado, o que sabemos é que a área está arrendada pelos Cribari. Existiam duas pedreiras e, com o fim da exploração, deixaram duas crateras, e esse rejeito, proveniente da companhia Vale S.A., está sendo depositado nesses buracos. Existe o compromisso de replantio da área, mas até agora nada foi feito, vamos aguardar”, pondera a liderança.


Zica fez questão de frisar que existe especulações de que o material que vem poluindo a comunidade é o mesmo que provocou o rompimento da barragem em Mariana, em Minas, mas que não tem informação oficial, só que que a liberação da execução do serviço foi expedida pelo Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, na gestão do ex-prefeito Audifax Barcelos.
Vários trilheiros, como eu, defensores ferrenhos do meio ambiente, já manifestaram, nas redes sociais, preocupação com a poluição na flora da APA. Através de fotos e vídeos, captados por eles, denunciam presença de partículas sólidas na vegetação da reserva.

Aterro da pedreira (Foto: Trilheiros/Santana)

** Memórias que não podem ser apagadas
Em 05 de novembro de 2015, o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG), entrava para a história brasileira e mundial como um dos crimes ambientais, sociais e econômicos mais devastadores da história da humanidade. A lama de rejeitos, que tomou conta da cidade mineira, matou 19 pessoas, intoxicou o Rio Doce e contaminou toda a sua extensão até chegar à região de Regência, onde as águas intoxicadas do rio avançaram pelo mar e ocupando, assim, o litoral capixaba que continua poluído.

Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

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