Um grupo de cientistas está tentando criar insetos ciborgues; saiba porque isso é uma ótima ideia
Uma barata não é bem uma visão que boa parte de nós gostemos, agora uma barata robótica autônoma pode ser a diferença entre a vida e a morte no caso de vítimas de desastres como edifícios desabados. Ao menos, é o que almeja um grupo de cientistas da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, que está pesquisando formas de criar “insetos ciborgues” (“insetorgues”?), versões híbridas de insetos e robôs, como mecanismo de resposta em situações de emergência.
O estudo vem sendo chefiado por Sato Hirotaka, professor associado de Eletroquímica da instituição e que vem pesquisando o assunto há pelo menos 15 anos. Em seu novo artigo, Hirotaka (e sua equipe) discute como os insetos ciborgues devem ter um caráter autônomo, ao invés de obedecerem a um controle remoto centralizado.
Claro, por “autônomo”, ele não refere-se a exatamente “descontrolados” — fosse isso, não haveria motivo para o experimento. Na verdade, o que o professor entende é que o comportamento dos insetos — neste experimento, baratas de Madagascar — teriam um equipamento algorítmico capaz de tomar decisões com base em treino de inteligência artificial (IA).
O experimento basicamente envolve o uso de pequenas “mochilas” acopladas às baratas — um sensor inteligente está instalado nelas. Os insetos seriam liberados em uma área colapsada, tipo um edifício que veio abaixo, por exemplo, e começariam a se infiltrar por cada passagem, procurando sinais de dióxido de carbono (CO₂) — a IA usaria de sua tecnologia para interpretar se um sinal identificado pode ou não corresponder ao movimento humano, temperatura de um corpo ou mesmo uma respiração mais intensa.
Se o sistema, acoplado a uma câmera, achar que identificou uma pessoa, então um sinal de alerta a uma equipe (humana) de resgate, que concentraria esforços nas buscas pela área investigada pelos insetos ciborgues.
Já houve até a execução de um teste, onde os insetos tiveram bom desempenho: em uma área controlada de 25 metros quadrados (m²), os cientistas soltaram os animais em meio a um cenário de colapso — blocos de concreto de vários tamanhos e formas posicionados aleatoriamente. No mesmo teste, haviam algumas pessoas, alguns manequins e “iscas” para atrapalhar a IA (lâmpadas acesas, um notebook e um micro-ondas, para ser exato).
Embora os números não tenham sido divulgados, os autores disseram que os insetos ciborgues tiveram um desempenho satisfatório, mas eles também reconhecem que o sistema precisa de um pouco mais de refinamento e otimização. De qualquer forma, é melhor pensar duas vezes antes de criticar aquela barata que você viu: amanhã, ela pode salvar sua vida.
Fonte: Olhar Digital