Como as pessoas se viravam sem portas?
A ‘solidão individual’ não era uma questão comum no passado
Um exemplo vivo de como era a vida sem portas é a vila indiana de Shani Shingnapur. Seus 11 mil habitantes moram em casas sem elas e sem vidros nas janelas. Ruínas incas de 800 anos mostram casas retangulares, sem janelas e também com uma entrada permanentemente aberta.
E era assim também na maioria das casas medievais europeias, das mais simples às mais nobres.
A família compartilhava o espaço escuro, úmido, esfumaçado e pouco higiênico para comer, dormir (em camas para duas a oito pessoas), tomar raros banhos… Quem tentasse se isolar era visto como estranho ou louco.
Na virada do século 13 para o 14, a valorização do indivíduo sobre o coletivo (um dos pilares do Renascimento) criou uma nova concepção de vida privada.
Nesse espaço em vias de se fechar, um anteparo teria que se colocar entre a pessoa e o olhar alheio. Não demorou para a porta cumprir essa função. Apesar da popularização tardia, a porta é coisa antiga — especialmente entre os ricos, que tinham mais a perder no caso de ataques de ladrões.
Há desenhos de portas em tumbas egípcias (são os registros mais antigos) e evidências de que os nobres assírios não só as usavam como também lançavam mão de uma invenção própria: a fechadura.
Fonte: Aventuras na História