Conheça a arraia-preta, raridade do rio Xingu
Podendo chegar a 60 centímetros de comprimento e viver por 15 anos, a espécie é endêmica da Bacia do Rio Xingu
A arraia-preta (Potamotrygon leopoldi) é uma espécie de peixe cartilaginoso endêmica da bacia do Rio Xingu, um dos rios da bacia amazônica. São conhecidas como arraia-xingu, arraia-leopoldi ou arraia-de-fogo. Elas chamam a atenção pela sua coloração totalmente preta com “bolinhas” brancas, podendo chegar a medir até 60 centímetros de comprimento.
Entretanto, uma espécime com 111 centímetros, com aproximadamente 17kg já foi encontrada. A espécie é endêmica da Bacia do Rio Xingu, entre os Estados do Mato Grosso e do Pará. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), estima-se que existam mais de 400 espécies de arraias, no mundo, sendo 31 espécies de arraias de água doce reconhecidas na Amazônia.
Os formatos físicos mudam dependendo da espécie. As de água doce, geralmente, possuem um formato achatado como um disco, além de nadadeiras peitorais bem desenvolvidas e projetadas para as laterais que, por meio da ondulação do músculo, permitem que as arraias se locomovam.
A expectativa de vida das arraias-xingu é de 15 anos e habitam geralmente bancos de areia, afluentes do Rio Xingu que possuem uma composição lamosa ou arenosa. Em período de chuvas, podem ser encontradas em lagos terrestres e lagoas formadas por águas de enchentes.
Como a maioria das arraias, possuem dois esporões que se renovam de duas a três vezes por ano cobertos por um veneno na cauda, que somente são utilizados para defesa. A arraia-negra possui uma alimentação carnívora, comendo, em geral, qualquer invertebrado ou peixe que ela possa engolir. Para pegar o seu alimento, ela utiliza seu disco para abafar e asfixiar suas presas.
A arraia preta é vivípara, ou seja, os ovos são fecundados dentro da fêmea. O período de gestação varia entre nove a 12 semanas, dando origem em média quatro a 12 espécimes com cerca de 6 a 10cm.
Ameaças
Atualmente a espécie está ameaçada, devido a sua perda de habitat. Muito cobiçada para o mercado, principalmente no continente asiático, onde suas características a tornam única e rara. No dia 18 de novembro, uma restrição do comércio internacional de duas espécies endêmicas de água doce dos rios Xingu e Negro foram aprovadas no Comitê da 19ª Conferência das Partes (COP19) da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES, da sigla em inglês).
Patrocinada pelo Brasil, a proposta foi aprovada em consenso pelos países presentes na cúpula realizada no Panamá, e deve ser ratificada na plenária final da conferência. Entre elas, a arraia-preta está inclusa. Em sua proposta, o Brasil justificou que a espécie sofre com a pressão da pesca para o abastecimento do mercado internacional, uma vez que é exportada para fortalecer o cultivo em cativeiro na Ásia, União Europeia e América do Norte.
O documento também apresentou a distribuição geográfica restrita da espécie e a perda de integridade do seu habitat no Rio Xingu devido ao crescimento da fronteira agrícola, aumento da pecuária, mineração e construção da hidrelétrica de Belo Monte.
Fonte: Portal Amazônia