Intelectual com cara de bom moço, será? — Parte 1
Embora pouco lembrado, o governo de FHC foi marcado por tantas denúncias de corrupção quanto a era petista
Os escândalos e as corrupções sempre estiveram presentes nas gestões que sucederam os governos militares. Foi assim até a era petista, iniciada em 2003, com o ex-presidiário Luiz Inácio Lula da Silva, e findada em 2017, com o impeachment do seu poste, Dilma Roussef.
Veja Fernando Henrique Cardoso, um dos caciques do PSDB — conivente com o esquema — quando assumiu em 1995, tratou logo de extinguir, na canetada, a Comissão Especial de Investigação, que tinha o combate à corrupção como finalidade e criou a Controladoria-Geral da União (CGU), especializada em abafar denúncias.
Com uma lista de mais de quarenta escândalos, hoje, o intelectual e apoiador das propostas apresentadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no último pleito que “elegeu” Lula presidente da República, ficou manchado por várias denúncias em seu governo.
Entre os mais de quarenta alvoroços está o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), projeto que fazia parte do Sistema de proteção da Amazônia (Sepam), e que se tratava de um contrato com a empresa Esca, associada à norte-americana Raytheon, responsável pelo gerenciamento do projeto, mas que acabou extinta por fraudar a Previdência. Outro foi o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), onde disse ter gasto 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no programa, mas que, segundo economistas, teriam chegado a 12,3% de gastos, ou seja, R$ 111,3 bilhões do PIB.
Nas eleições presidenciais, o sociólogo não conseguiu aprovar suas despesas nas campanhas de 1994 e de 1998 ao Tribunal Superior Eleitoral, haja vista que ficou comprovado uso de R $16 milhões em caixa dois.
Grampos telefônicos flagraram conversas entre o então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à época, Lara Resende, que teriam beneficiado o consórcio do banco Opportunity, de Pérsio Arida, que usaram fundos de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.
Uma de suas ações mais marcantes foram as privatizações e, entre elas, temos os processos das estatais Vale do Rio Doce e Telebras, que geraram incertezas no processo. A emenda da Reeleição que, a preços altíssimos, e a construção do Tribunal Regional do Trabalho paulista que, sozinha, representou um desvio de mais de R$ 169 milhões aos cofres públicos, resultando na prisão do juiz Nicolau dos Santos Neto e do senador Luiz Estevão (PMDSB-DF), também exemplificam o escárnio e a farra com o dinheiro do povo, que poderia e deveria ser investido na saúde, na educação, na segurança pública, em saneamento básico, entre outros.
Outro notório escândalo do professor foi o dos precatórios, que consistia em furar a fila para pagamento desses títulos. Os beneficiados pelo fraude pagavam 25% do valor para a quadrilha que comandava o esquema. Neste mesmo período, a biopirataria foi oficializada, quando permitiu que indústrias farmacêuticas usurpassem o nosso patrimônio genético.
Com o fato vindo à tona, FHC foi obrigado a rever o contrato assinado entre a Bioamazônia e a Novarti, que possibilitaria coleta e transferência de 10 mil micro-organismos diferentes e o envio de cepas para o exterior, por quatro milhões de dólares. Somente um único fungo poderia render bilhões de dólares aos laboratórios.
O saldo dessas ações renderam a desvalorização do Real; O socorro de R$ 1,6 bilhão aos bancos Marka e FonteCindam; o rombo na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), entre 1994 a 1999, que ultrapassou os R$ 2 bilhões levando Jader Barbalho (PMDB-PA) à renúncia; desvios de R$ 1,4 bilhão em 653 projetos da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), com emissão de notas fiscais frias para comprovar aplicação de recursos recebidos. Outro escárnio foi calote no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) que tomou dos estados mais pobres a soma de R$ 11,1 bilhões.
Termino com a estatal Petrobras que, por falta de investimentos na sua gestão, protagonizou uma série de acidentes ambientais que viraram notícias no Brasil e no mundo. Provocou, entre outros, um grande vazamento de óleo na Baía de Guanabara (RJ) e outro no Rio Iguaçu, no Paraná. Uma das maiores plataformas da empresa, a P-36, afundou na Bacia de Campos, causando a morte de 11 trabalhadores e ceifando a vida de centenas de empregados com acidentes em suas plataformas e refinarias.
A propósito, falando em Rio de Janeiro, não podia deixar de relatar minha indignação com a soltura de todos os condenados pela Operação Lava Jato, inclusive o ex-governador, Sérgio Cabral, pelo ministro Gilmar Mendes. Fica a pergunta, o crime no Brasil compensa?
Feliz Natal e que Deus proteja nossa nação!
Continua na próxima semana…