Política

Existe política na Serra além de Vidigal e Audifax?

Sérgio Vidigal, atual prefeito da Serra, começou na vida pública em 1989, quando foi eleito vereador do município. De lá para cá, podemos dizer que ele sempre esteve presente na vida pública da cidade. Desde essa data não há como falar de eleição na Serra sem falar de Sérgio Vidigal.
Lançado na política pelo próprio Sérgio Vidigal — depois de romperem relações — Audifax tornou-se o seu adversário, competindo na influência pelos votos dos serranos. A partir daí, o município restabeleceu a cultura do dualismo político, antes rivalizado por José Maria Miguel Feu Rosa e João Baptista Motta.

Eu costumo dizer que a disputa política entre Sérgio Vidigal e Audifax é o melhor dos mundos para qualquer figura pública que depende de eleições. Digo isto baseado no fato de que os eleitores, se analisados de forma orgânica, se sentem muito mais confortáveis quando existem duas opções, quando existem dois caminhos. Assim, haverá aqueles que gostam de um e aqueles que preferem o outro, criando a rivalidade necessária para a sobrevivência de ambos e minando as condições necessárias para o surgimento de novas lideranças.

Tem espaço para duas figuras públicas ocuparem postos relevantes na política local, estadual e nacional, sem que nenhum deles fique órfão. Enquanto um é prefeito, o outro é deputado federal, e vice-versa, numa dobradinha que vai durar no mínimo 35 anos (1989 -2024).

Nas eleições municipais em 2020 o deputado estadual Vandinho Leite ensaiou algum movimento de mudança, perdendo o segundo lugar para o então candidato Fábio Duarte — apresentado por Audifax — pela diferença de 5.356 votos. Como diz o ditado popular: “tudo como dantes no quartel de Abrantes”.
Há menos de dois anos da próxima eleição municipal, embora Sérgio Vidigal tenha feito sua campanha para prefeito em 2020 declarando que não seria candidato à reeleição, o mais provável é que a Serra veja novamente o duelo eleitoral entre Sérgio Vidigal e Audifax.

São nesses dois que a maioria dos projetos políticos se apoia, e fora deles ninguém foi além da Assembleia Legislativa Estadual, a exemplo de Bruno Lamas, Xambinho e Vandinho. Sem falar nos inúmeros vereadores que passaram pela Câmara Municipal ou ainda estão lá.

Algo que chama muito a minha atenção é o fato dos dois políticos serem alinhados ao espectro político de Esquerda e sempre foram ligados a partidos socialistas. Entretanto, isso não chega a ser estranho pelo fato de que, após o regime militar, somente os partidos de Esquerda se organizaram e a Direita brasileira veio a ressurgir somente em 2018, com a eleição presidencial de Jair Bolsonaro.

Atualmente, no cenário nacional, observamos uma grande polarização entre Direita e Esquerda, que acaba refletindo nos Estados. Essa polarização é a única explicação para o fato de o candidato a governador Carlos Manato, ter conquistado mais votos na Serra do que Audifax, apesar da forte ligação deste político com a cidade, que é o núcleo deste texto.

Para não perder o bonde da história pode ser que uma inclinação mais à Direita, para poder brigar também no campo ideológico, seja o motivo de Audifax ter abandonado o Partido Rede Sustentabilidade logo após o resultado das urnas, que lhe reservou um triste terceiro lugar na disputa ao Palácio Anchieta, para apoiar o declarado direitista e conservador Carlos Manato.

A força da Direita na Serra pode ser sentida no campo da política nacional, onde Jair Bolsonaro nas duas eleições obteve mais votos do que o candidato de Esquerda, sempre apoiada, pelo também esquerdista, governador Renato Casagrande.
Que venha 2024, para que a assertiva deixe de ser uma mera reflexão, para se tornar uma constatação. Para fechar o texto eu repito a pergunta e quero ouvir a opinião do leitor. Existe política na Serra além de Vidigal e Audifax?

Márcio Greik

Márcio Greik

Delegado Federal

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