Educação

ODS já marcam presença em escolas no Brasil e no mundo

Premiação reconhece instituições educacionais ibero-americanas que abordam os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e mostra como a preocupação com a sustentabilidade deve ser de toda a comunidade escolar

A cidade de Juárez, localizada no estado de Nuevo León, no México, costuma estampar o noticiário com manchetes sobre violência e desigualdades sociais. Mas, graças à Escuela Primaria Pedro Garza Elizondo, recentemente a imprensa voltou os olhos para as boas notícias locais, com destaque à atuação de professores e estudantes com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O projeto “Podcast dos ODS: da pesquisa à ação” concorreu com outras 282 iniciativas, de 19 países ibero-americanos, e ganhou o primeiro lugar na categoria de atividades entre 2021 e 2022 do prêmio “Os ODS nos centros educativos”.

Promovida pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), esta primeira edição reconheceu o trabalho de instituições educativas que fomentam, de maneira criativa, o reconhecimento e a difusão da  Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), pacto de ação global que busca, por meio de 17 objetivos interconectados, garantir um mundo mais sustentável e próspero até o ano de 2030.

“Somos uma escola que busca sempre dar um passo à frente, sair da caixa, repensar como ter a melhor educação para nossos alunos”, afirma a diretora mexicana, Karina Berenice Garza Cedillo. “Trabalhamos em um nível socioeconômico médio-baixo, mas não é por isso que temos de parar”.
Feito por crianças e para crianças e comunidade escolar, com apoio dos professores na elaboração dos roteiros, o podcast trata de temas como proteção ao meio ambiente, igualdade de gênero e direitos.

O objetivo é que as crianças aprendam sobre os problemas, investiguem e tentem propor soluções. Essa é a essência do projeto”, disse Karina ao site El Norte. “Publicamos (os resultados) para que a comunidade saiba o que estamos investigando, o que sabemos, o que propomos e no que eles podem colaborar”.

A força do debate
Para a diretora-geral de educação da OEI, Tamara Díaz, incorporar os ODS nos currículos reflete uma elevada consciência da capacidade que as escolas ibero-americanas têm na projeção de cidadãos comprometidos com o desenvolvimento sustentável, com a defesa dos direitos humanos e com a melhoria da comunidade em que vivem.

É importante ter uma visão abrangente dos 17 ODS, para que os alunos identifiquem os problemas que os afetam em seu próprio ambiente e para a conscientização de todos os agentes comunitários. Isso só é possível se houver a visão e contribuições de todas as disciplinas e aliando o trabalho específico de cada uma delas, com o desenvolvimento de um plano institucional”, explica.

Organização brasileira voltada à consultoria e à implementação de projetos ligados aos ODS e à Agenda 2030 tanto em escolas públicas e privadas quanto em secretarias de educação, o Instituto Significare promove a educação para o desenvolvimento sustentável. De acordo com o presidente do instituto, Wellington Cruz, a Agenda 2030 e os ODS servem como bússola para inovar as práticas pedagógicas, a fim de “repensar os espaços e processo da escola, estimular a ruptura com a fragmentação do aprendizado e redirecionar, pela crítica, a busca da descolonização da educação”.
“Levar os ODS à sala de aula é uma grande oportunidade para o professor descolonizar o currículo. A partir das necessidades locais e dos problemas, referenciados pelos ODS, os professores podem propor reflexões e atividades que permitam construir e reconstruir um currículo que faça sentido para os estudantes”, propõe Wellington.

Quando incorporamos os ODS à sala de aula, estamos antes de qualquer outra coisa conectando a escola — e a sala de aula — ao seu território e às questões globais da sociedade. Isto é o que esperamos de uma escola e o que sonhamos para uma sala de aula”, reflete.

Premiações como as da OEI, bem como os debates em torno da Agenda 2030 fortalecem sua concretização, acredita Tamara Díaz. “Para as escolas é enriquecedor poder ter um espaço específico de diálogo no qual trocar experiências com outros centros de diferentes contextos. Da mesma forma, este prêmio é um incentivo para nós, como organização, continuarmos melhorando e apostando em uma mudança que busca o bem comum de todos os habitantes do planeta, mas a partir da consciência individual e global de que somos parte da solução”.

E os ODS podem estar mais próximos da escola do que se imagina. “Ao cultivar uma horta, conectamos a sala de aula ao ODS 2 (Fome Zero), além de outras conexões possíveis”, exemplifica Wellington. “Falar sobre o ODS 1 (Erradicação da Pobreza) pode acontecer por meio de um debate, uma visita ou mesmo a construção de protótipos com muitos e poucos insumos. São reflexões simples, mas podem ser ampliadas às diversas camadas sociais e econômicas da pobreza”.
Apenas uma escola brasileira se inscreveu no prêmio da OEI, mas a expectativa é receber mais adesões nas próximas edições.

O Brasil é um País que tem muito a contribuir e dizer ao resto da América Latina, e isso foi demonstrado pelo centro que participou desta primeira edição do prêmio. As bases da chamada e o formulário de premiação foram publicados em espanhol e português para incentivar a participação dos países lusófonos nessas iniciativas e esperamos que as sucessivas edições reflitam isso. Como organização, queremos avançar nas próximas edições, fortalecendo a divulgação e participação de todos os países”, finaliza Tamara.

Fonte: Porvir

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