Venezuela, onde 94,5% da população está afundada na pobreza
Entre as décadas de 50 e 80, o país era muito diferente da caótica situação que se encontra nos dias atuais
Sabemos que com Hugo Chávez, em 2006, a chamada Revolução Bolivariana levou a Venezuela à bancarrota. Para quem vê, hoje, a miséria reinando no nosso país vizinho não imagina que a população venezuelana tinha o maior poder de compra entre os países da América Latina, chegando até três vezes que o nosso, aqui no Brasil.
Surpreendentemente, entre as décadas de 50 e 80, o país era muito diferente da caótica situação que se encontra nos dias atuais. Mas o que leva um país com tanta riqueza perecer economicamente, submetendo seus cidadãos a todo tipo de humilhação, ceifando sonhos e impondo a miséria e a fome ao seu povo sem nenhuma piedade?
Segundo uma matéria da Revista Oeste, o país que levou quase a totalidade da população para baixo da linha da miséria, nos seus anos dourados era chamada de Venezuela Saudita, por ter a maior reserva de petróleo do mundo. Os venezuelanos eram considerados os maiores consumidores de uísque do mundo. Entre 1959 e 1983, o desemprego no país era um dos mais baixos da região. No mesmo período, o crescimento médio do país foi superior a 4% ao ano, e a inflação era menor do que a registrada nos países vizinhos.
Para entender um pouco mais a realidade vivida pelos nossos irmãos e vizinhos venezuelanos convidei, na última terça-feira (18), o casal de universitários Luis Rengifo e Naimed Lara, ambos estudantes de engenharia e naturais da cidade de Carabobo (Venezuela), para um café em minha casa.
Quando falei que havia feito uma pesquisa e que num passado não muito longe os venezuelanos tinham um dos maiores poder de compra da América Latina, os prédios eram altos para a época, as rodovias largas e os hotéis eram considerados um “luxo em um paraíso tropical”, Luís foi pragmático ao me interromper com as seguintes palavras “as cosias mudam… Na última eleição aqui no País de vocês, os brasileiros optaram por um sistema que conhecemos muito bem. Claro que não foi unânime, mas, infelizmente, todos poderão passar pelo que nós, venezuelanos, conhecemos bem. A coisa é feia! O regime não perdoa quem se opõe, toda família sofre nas mãos dos militares que apoiam o sistema. O triste é que, justamente quem deveria proteger o povo, é quem o oprime”, lamentou acrescentando que “a mídia não retrata os fatos de que mais de 80% da população venezuelana vive quase na extrema pobreza, senão vivendo na extrema pobreza”, afirma.
Luis lembra que, no período de Hugo Chávez, apesar de sua pouca idade na época, as coisas eram menos piores o que a esposa Naimed Lara, confirma. “Nessa época as pessoas compravam carro, móveis, eletrodoméstico, casa e até passeavam. Isso tudo ajudava a fomentar a economia e, hoje, nada disso acontece”.
Para o casal, Nicolás Maduro é a grande praga para o país.
O governo de Maduro é corrupto, entrou roubando e continua roubando, enquanto a população, a cada dia que passa, fica mais miserável”.
Lara cita que quando Hugo Chávez morreu, já nos primeiros meses de governo do ditador Maduro, o povo se revoltou uma vez que ele não estava conseguindo cumprir o que prometeu. Na época, estávamos na faculdade e sempre que o povo se juntava para exigir seus diretos, nós, estudantes, participávamos das “guarimbas” (protestos) e sempre éramos atacados com bombas e todo tipo de armamento pelos soldados que apoiavam o governo Nicolás Maduro e aí muitas mortes ocorriam. Propositalmente, carros militares atropelavam e disparavam tiros contra estudantes, senhores e senhoras e até os idosos sofreram por estarem apenas lutando pelos seus mais básicos direitos”, diz, fazendo um paralelo com os atos de 8 de janeiro ocorridos no Brasil.
Estamos há dois anos no Brasil, fomos acolhido por vocês e agradecemos muito, mas temos receio do que pode ser daqui pra frente. Assim como Maduro, o Lula vem fazendo as mesmas coisas. Está aumentando a máquina pública, aumentando impostos, tentando encontrar formas de aumentar a arrecadação e controlando as Forças Armadas e, por último, tomando medidas populistas, prometendo picanha e cervejinha e tudo isso acaba destruindo a economia, mesmo a mais equilibrada. Assim como qualquer pessoa, o governo não pode gastar mais do que recebe, isso é uma lição básica de economia. Chamo a atenção das autoridades brasileiras para meus irmãos venezuelanos que migraram para cá e que hoje se encontram nas ruas, ao relento, sem poder oferecer uma vida digna para a família. Eles não saíram da Venezuela para fazer turismo, saíram para buscar oportunidades que, no nosso país, o regime do ditador Nicolás Maduro não proporciona. Socialismo é uma falácia. Torço pelo Brasil e que eu esteja errado nas minhas previsões”, finalizou Luis.
E aí, qualquer semelhança, seria mera coincidência? Ao final, o casal ainda relembrou a crise energética na Venezuela e que é muito comum a população ficar até 30 dias sem energia elétrica.
Até a próxima.