Pousada em Alagoas será construída com blocos ecológicos de sururu
A construção surge como uma proposta do designer Marcelo Rosenbaum para o aproveitamento das 300 toneladas de conchas do molusco descartadas mensalmente
Por: Aline Melo
O que começou como uma ideia para o reaproveitamento de conchas de sururu, um molusco, ganhou proporções inimagináveis até para o designer Marcelo Rosenbaum. Após o sucesso do cobogó sururu, ele divulgou o projeto da Pousada de Sururu, na praia de Tatuamunha, em Milagres (AL) — o primeiro edifício no país estruturado com esses blocos ecológicos.
A relação de Marcelo com o sururu começou em 2019, quando, a convite do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS Brasil) e da Prefeitura de Maceió, ele apresentou alternativas para o aproveitamento das 300 toneladas de conchas descartadas mensalmente.
O cobogó de sururu da Mundaú, desenvolvido em parceria com o Estúdio Rodrigo Ambrosio e o mestre artesão Itamácio Alexandre do Vergel, venceu o prêmio IF Design 2022 — considerado o Oscar do design de produtos e de interiores.
Hoje, o item é produzido pelo Instituto A Gente Transforma, com apoio do departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e comercializado pela marca Portobello. Além disso, é uma importante fonte de renda para a comunidade alagoana que participa dessa cadeia. Os blocos de sururu seriam uma alternativa aos tijolos comuns feitos de argila, que utilizam um recurso finito, extraído da natureza e que utiliza combustível fóssil em sua queima.
Este processo gera uma grande quantidade de emissões de gases de efeito estufa, e libera monóxido de carbono e outros poluentes atmosféricos”, explica Marcelo. “Os blocos ecológicos de sururu serão produzidos no canteiro de obras, utilizando o mínimo possível de cimento em composição com o solo local e o resíduo da concha de sururu triturada”.
O objetivo é que este material seja aplicado no projeto da Pousada De Sururu, em Tatuamunha.
Esperamos que a construção da pousada seja um novo exercício regenerativo e traga resultados econômicos para as comunidades litorâneas, especialmente, na comunidade do Vergel, que trabalha com a cata do sururu”, afirma o designer.
A implantação da pousada segue outras premissas sustentáveis. O conjunto de edificações se integrará à vegetação, preservando 144 palmeiras e coqueiros, dos 168 existentes. Os jardins dentro e fora dos bangalôs criam afastamentos confortáveis entre as unidades, garantindo privacidade e integração à natureza.
Fonte: Um Só Planeta