Cultura

Aquieta-te!

Aquieta-te alma vil, ré
Confessa, transgressora e
Perturbada, recolhe-te à
Tua insignificante existência
Pueril, eivada de erros,
Contradições, crimes,
Pendores e desejos
Perversos e inconfessáveis

Arrepende-te o quanto antes
Dos teus pecados infames,
Controla as tuas palavras e
Os teus gestos obscenos e
Condenáveis, segura a tua
Língua felina e o teu pensamento
Rasteiro e miserável, mantenha-te
Nos limites da decência
Proporcional e razoável

Controla o teu gênio de cão
Demoníaco, cravado de volúpia
E de erotismo insaciável e observe,
Ao menos uma vez, a bela valsa
Dos verdadeiros românticos
Apaixonados

Sossega o teu facho desgraçado,
Alimentado de sangue, traição,
Suor, lágrimas e prazer mórbido,
Erótico e descontrolado

Curta o beijo terno e suave
Dos amantes legítimos e abençoados
E ouve a música clássica que embala
Os corações afeiçoados

Ouça o canto dos pássaros,
Sinta o perfume das flores e
Contemple a bela natureza
Virginal e estilizada

Pare de se arrastar,
Urgentemente, saia do chão
E procure se elevar, afasta-te
Das a sombras e busque à luz,
Olhe para o cimo das montanhas
E para as nuvens do céu que azula,
Todas as manhãs, somente para nos
Agradar

Se liga alma penada e errante,
Cão dos infernos, assombração
Encarnada, antes que venham os
Maus dias e não tenhas neles
Contentamento, antes que o anjo
Da morte venha ao teu encalço e
O arraste moço para a cova rasa
E fria, sem que tenhas tido a
Gloriosa alegria de ter realmente
Amado um dia

Mário Vieira

Mário Vieira

Capixaba, casado, autor e advogado

Related Posts

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

EnglishPortugueseSpanish