Cultura

Uma pausa

Eu proponho uma pausa,
Um passo para o lado,
Uma subida no monte ou
Um clique no tempo

Eu defendo uma trégua,
Um recesso, uma folga,
Umas férias ou um armistício,
Um silêncio, uma abreviatura
Ou até mesmo uma vírgula,
Que seja

Eu sugiro uma fuga, um dia
No campo, uma tarde sem
Internet, sem gravata, celular
Ou sapato

Talvez, um dia na praia, um
Mergulho no rio ou um banho
De cachoeira de água fria, um
Banho pelado, um beijo na
Boca e uma transa no mato

Eu queria mesmo um pé na
Jaca ou um chute no balde,
Um botão do foda-se para
Apertar várias vezes até enjoar

Talvez, apenas quem sabe
Um passeio no parque, uma
Pescaria, um dia de ócio criativo,
Um charuto cubano, um vinho
Do porto, um feriado, um dia santo,
Ou um ano sabático

Uma pelada com amigos, uma
Partida de fury, um dominó, um
Carteado e um chope para relaxar

Uma rede preguiçosa na varanda,
Uma esteira com frutas, um livro
Do Pablo Neruda, poemas de
Fernando Pessoa, Mário Quintana,
Rubem Alves, Augusto dos Anjos
E, se não fosse pedir muito, um
Livro do Khaliu Gibran e outro do
Mia Couto

Letras do Chico e do Caetano na
Voz do Milton e músicas clássicas
Variadas numa vitrola a tocar ao largo

Uma pinga caseira com polenta frita,
Uma viola caipira e um jardim de flores
Para contemplar, um crucifixo, um
Patuá e uma folha em branco pra
Registrar algumas poesias quase
Esquecidas

Para poder anotar as cores do mundo
E ouvir o canto dos pássaros, curtir
Sem pressa o doce encanto da vida
Que passa ligeira deixando saudades

Mário Vieira

Mário Vieira

Capixaba, casado, autor e advogado

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