O ano em que não existiu verão
1816, ficou conhecido por ser o ano sem verão devido a uma erupção que bloqueou parte da incidência solar e resfriou o planeta
Por Mateus Dias
Em 10 de abril de 1815, o vulcão Monte Tambora, localizado na Indonésia, explodiu naquela que provavelmente foi a maior erupção dos últimos 1500 anos. Esse evento colocou o planeta todo em sombras e acabou por bloquear a luz solar, fazendo com o ano seguinte ficasse conhecido por não ter verão.
A erupção durou cerca de quatro meses e liberou milhões de toneladas de cinzas, poeira e ácido sulfúrico na atmosfera, bloqueando a incidência solar por meses ininterruptamente. A temperatura do planeta caiu em média três graus Celsius, causando consequências principalmente no Hemisfério Norte.
Geadas e tempestades intensas assolaram toda essa região, principalmente nos meses de junho, julho e agosto, período de verão no hemisfério norte, fazendo com que 1816 fosse chamado de o ano sem verão.
A falta de iluminação solar também afetou as plantações, o que desencadeou a escassez de alimento. Além disso, o evento também facilitou a disseminação de epidemias, como a da cólera e o surto de tifo.
Agora, alguns pesquisadores estão procurando formas de reproduzir as emissões de ácido sulfúrico na atmosfera causadas pela erupção do Monte Tambora, a fim de atrasar os efeitos do aquecimento global. É o que explica o pesquisador David Biello, em vídeo no YouTube.
A proposta faz parte de uma série de sugestões de bioengenharia, ou seja, intervenções humanas em escala global nos sistemas naturais da Terra. Algumas das outras ideias para controlar a incidência de radiação solar consiste em colocar um enorme para-sol em órbita da Terra, implementação de sistemas para aumentar as nuvens marítimas ou pintar superfícies de branco para a Terra refletir mais luz solar.
Liberar vapor de ácido sulfúrico na atmosfera é baseado na forma como os vulcões podem afetar o clima global de forma rápida. No entanto, reproduzir isso pode ser arriscado, visto que uma simples mudança pode criar um efeito borboleta sem precedentes.
A reprodução do ano no verão, além de causar a queda nas temperaturas, também pode trazer todas as outras consequências junto, como o aumento da precipitação e a perda de plantações. Ademais, a sua reprodução não resolveria a liberação desenfreada de gases do efeito estufa na atmosfera, os verdadeiros vilões do aquecimento global.
Fonte: Olhar Digital