Saúde

Fumar na adolescência pode causar danos ao cérebro, diz pesquisa

Estudo com pessoas que começaram a fumar aos 14 anos aponta que os pacientes tiveram perda na massa cinzenta do cérebro

Por Alessandro Di Lorenzo

O tabagismo mata, por ano, mais de oito milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, são 443 óbitos diários e 161.853 anuais. A medicina já constatou que fumar causa diversos malefícios à saúde. Agora, uma pesquisa publicada na revista Nature Communications aponta que começar a usar cigarros na adolescência pode causar danos ao cérebro.
Os pesquisadores compararam exames de ressonância magnética cerebral de mais de 800 pessoas, coletados do Reino Unido, Alemanha, França e Irlanda. Os voluntários tinham idades diversas e começaram a fumar em períodos da vida variados. Os dados coletados, então, foram comparados com o de pessoas que começaram a fumar aos 14, 19 e 23 anos.

Os resultados apontaram que os fumantes “precoces” tinham comparativamente menos massa cinzenta no córtex pré-frontal ventromedial esquerdo, parte do cérebro envolvida na regulação emocional, tomada de decisões e autocontrole. Já aos 19 anos, os exames revelaram que a parte oposta dessa mesma região cerebral (à direita e também associada ao prazer) também estava reduzida, segundo informações da ScienceAlert.

O córtex pré-frontal ventromedial é uma região-chave para a dopamina, a substância química do prazer do cérebro. Além de um papel em experiências gratificantes, acredita-se que a dopamina afeta o autocontrole”, explica a psiquiatra de Cambridge Barbara Sahakian.

Segundo o estudo, os voluntários com maior tendência à busca de sensações eram mais propensos a ter matéria cerebral reduzida no lado direito do córtex pré-frontal ventromedial. Enquanto a maior busca por novidades foi associada a menos massa cinzenta à esquerda. Isso resulta em menores inibições e maior assunção de riscos, comportamentos que aumentam a probabilidade de fumar em adolescentes.

“Os fumantes então experimentam perda excessiva de massa cinzenta nos lobos frontais direitos, o que está ligado a comportamentos que reforçam o uso de substâncias. Isso pode fornecer um relato causal de como o tabagismo é iniciado em jovens e como ele se transforma em dependência”, destacou a bioinformática da Universidade Fudan Tianye Jia.
A conclusão dos pesquisadores é a de que a matéria reduzida no lobo frontal esquerdo pode ser um biomarcador hereditário para pessoas com tendências ao vício.

Fornecer recompensas alternativas não medicamentosas no estágio inicial do uso de substâncias pode ajudar a prevenir a transição para a dependência de substâncias”, sugere o estudo.

Fonte: Olhar Digital

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