Pessoas com traumas da infância são julgadas por outros de maneira diferente
Por Bárbara Giovani
Já deve ter acontecido com você: uma pessoa faz algo que te incomoda, mas você releva a situação porque sabe que ela já passou por poucas e boas durante a infância. Em um estudo recente, pesquisadores da Universidade de Missouri decidiram investigar por que isso acontece.
A pesquisa indica que vivenciar adversidades na infância pode alterar a formação moral de uma pessoa. Isso significa que experiências como abuso ou negligência nos primeiros anos podem afastar as pessoas do que elas realmente são. Dessa forma, ficam mais propensas a trajetórias alternativas que, de outra forma, não seguiriam.
No caso de comportamentos negativos, vemos as ações de pessoas com experiências adversas na infância como menos reflexo de seu caráter moral. E mais como reflexo do ambiente em que foram criadas. Então, as culpamos menos por essas ações”, disse Philip Robbins ao EurekaAlert.
Já quando o cenário se inverte, a percepção também vai no sentido contrário. Dessa forma, quando alguém teve problemas na infância e faz algo bom, as pessoas interpretam esta atitude como algo mais expressivo de quem aquele indivíduo é. Por isso, tendem a elogiá-los mais.
Em geral, é como se as pessoas interpretassem que o comportamento negativo é reflexo do trauma. Já o positivo acontece apesar deste trauma. Assim, a descoberta sugere que os julgamentos de elogio e culpa são sensíveis de forma assimétrica a certos tipos de informações sobre a história de vida de alguém.
O estudo do julgamento e das interações sociais
A pesquisa faz parte de um projeto maior que tem como objetivo entender como funciona o julgamento moral, que influencia as interações sociais. Os resultados se basearam na análise estatística de respostas de 248 participantes e foram publicados na revista Social Cognition.
Em estudos anteriores, Robbins e outros pesquisadores já haviam identificado como isso acontece na prática. Eles descobriram que as pessoas tendem a considerar um criminoso violento como menos merecedor de punição quando sabem que ele sofreu na infância.
Além disso, já haviam confirmado também que os indivíduos tendem a elogiar mais alguém por suas boas ações depois de descobrir que essa pessoa enfrentou sofrimentos mais cedo na vida.
No futuro, os pesquisadores querem explorar o papel que os estereótipos de gênero têm na maneira como os julgamentos são feitos. Seriam mulheres ou homens mais afetados por informações sobre a história de vida de uma pessoa? É o que eles pretendem responder.
Fonte: GizModo