Detalhes sobre o imperador Adriano são revelados em inscrições de mármore
Conhecidas como fasti ostienses, inscrições funcionam como um calendário com detalhes de eventos diários de imperadores e autoridades romanas
Por Fábio Previdelli
Imperador romano entre os anos de 117 e 138, Adriano tem um legado um tanto quanto controverso. Conhecido como um dos “Cinco Bons Imperadores” de Roma, ele é descrito por historiadores como um “ditador benevolente”. A dualidade entre um Adriano incrivelmente generoso ou imensamente cruel e ambicioso pode ser esclarecida numa recente descoberta feita Ostia Antica, um parque arqueológico perto da cidade de Roma.
Segundo o The Guardian, arqueólogos encontraram no local dois fragmentos de mármore com inscrições conhecidas como fasti ostienses — uma espécie de calendário/diário que fornecia detalhes sobre eventos de imperadores e outras autoridades romanas — que foram redigidas pelo pontífice Volcani, a mais alta autoridade religiosa local da época.
Os dois fragmentos recentemente descobertos foram comparados com outro anteriormente encontrado no local, que data o ano de 128 d.C. De acordo com as inscrições do fragmento, diversos eventos aconteceram naquele ano, como Adriano recebendo o título de “pater patriae” (ou ‘pai de seu país’) em janeiro. Os registros ainda apontam que o imperador celebrou a ocasião oferecendo “congiar dedit” (ou ‘doação em dinheiro’) para o povo romano.
Outro evento remete à consagração de Adriano em um edifício em Roma, que os especialistas acreditam que poderia se referir ao Panteão ou ao Templo de Vênus e Roma, que aconteceu em meados de agosto. Pesquisadores acreditam que o evento tenha marcado o 11º aniversário da ascensão de Adriano ao trono.
Ao Arkeonews, Allesandro D’Alessio, diretor do Parque Arqueológico da Ostia Antica, descreveu o achado como “uma descoberta extraordinária que, se por um lado, aumenta e complementa o que sabemos sobre a atividade do grande imperador… por outro lado, reconfirma o imenso potencial da antiga Ostia para um conhecimento cada vez mais profundo e popularizado do nosso passado”.
Já o ministro da Cultura, Gennaro Sangiuliano disse que as escavações forneceram “tesouros de valor inestimável e fontes documentais muito preciosas para entender as atividades do grande imperador Adriano”.
Além das inscrições em mármore, os arqueólogos também identificaram “várias decorações” e “extensas porções” de um intrincado piso de mosaico, que Sangiuliano revelou que em breve estará aberto ao público.
Os fragmentos recém-recuperados já fazem parte de uma coleção cada vez maior de registros descobertos no século passado. Os primeiros pedaços de fasti ostienses em Ostia Antica foram achados em 1940 e 1941; e outros pares entre 1969 e 1972.
Fonte: Aventuras na História