Taylor Swift presidente. Por que não?
A cantora americana pontuou 8% em uma pesquisa
Por Erik Zannon
A cantora americana pontuou 8% em uma pesquisa, um sólido terceiro lugar à frente dos mais consolidados third parties. Isso sem mostrar sequer interesse por concorrer ao cargo, porém seria uma ótima ideia se ela o fizesse.
Ela faz tudo
Aquilo que Taylor se propõe, é cumprido com excelência. Com 33 anos é gigantesca na indústria musical. Conhecida por todo o globo, além de cantar e compor, Swift mostrou que sabe atuar, produzir, dirigir e empreender. Quiçá sua próxima empreitada será a política.
Uma força econômica e cultural
A mulher com mais ouvintes no Spotify movimentou dois bilhões na economia dos EUA apenas em sua última turnê: Eras, um espetáculo que é constantemente renovado para mais datas devido a seu enorme sucesso.
Os intelectuais de relações internacionais definem as novas dinâmicas de poder mundial em duas formas: o Hard Power é exercido pelo militarismo bélico e capacidade de impor sanções poderosas, já o Soft Power tem suas fontes em valores, propagandas e, principalmente, cultura. Taylor Swift é um ótimo exemplo do segundo.
Seu eleitorado de largada? Uma parcela dos fervorosos fãs da maior artista desse século, com um poder de mobilização virtual e lotação de espaços superiores aos de Donald Trump, conhecido por mover multidões para seus comícios.
Bipartidarismo falido
O sistema eleitoral dos Estados Unidos privilegia a polarização entre dois partidos, dominado pelos Republicanos e Democratas desde o terceiro sistema em 1854 e mantido com as maiores mudanças que inauguraram o sexto sistema em 1960. O problema? Quando só existem duas opções reais, os partidos ficam ideologicamente desfigurados — vide os Republicans In Name Only (Republicanos Apenas em Nome) — e facções lutam internamente pelo controle.
Esse sistema está tão desgastado que 47% dos norte-americanos declaram que estão abertos a votar em um candidato independente ou de terceiro partido. Mais do que essa alteração, seria necessária uma reforma profunda no sistema do país. Taylor poderia se aproveitar dessa insatisfação e ter essa transformação como seu principal tema de campanha. Também é possível que ela não apresente essa pretensão, mas sim uma plataforma de governo mais arejada e concorra como independente, visando ser a primeira Chefe de Estado desde George Washington a não ter partido, ou por um third party de sua escolha e criação, se tornando mãe do sétimo sistema. O que se sabe é que Swift já está acostumada a fazer história.
Chances
Ser do entretenimento claramente não é demérito naquela nação, Arnold Schwarzenegger foi o último governador republicano da Califórnia — limitado nesse cargo por não ser estadunidense nato — e Ronald Reagan chegou à presidência.
Quanto a não ser dos principais partidos, diversas vezes um candidato na mesma situação teve votos o suficiente para um impacto real. O mais recente exemplo foi Ross Perot, que em 1992 conquistou 19% dos votos e alguns argumentam que custou a reeleição de George H. W. Bush.
Afirmar a vitória de Taylor Swift num cenário em que é candidata à presidência seria ingenuidade. Dizer que dispõe da habilidade de ser um vetor de renovação é ter bom senso. Não existe razão para evitar que a cantora ao menos tente, afinal um dia alguém terá de derrubar esse sistema, e pode muito bem ser ela.
Erik Zannon
Graduando em Relações Internacionais, quinto período, Multivix