Vice-prefeita de Vitória fala sobre Segurança Pública e Turismo
Na quarta e última parte da série de entrevistas com Estéfane Franca, vice-prefeita de Vitória, abordaremos o tema Segurança Pública, que é, sem dúvida, um dos pilares da gestão pública no Brasil e, não sem razão, uma das maiores preocupações da sociedade, afinal, dos serviços essenciais, o único que não se pode fazer exclusivamente de forma privada, ainda que se tenha muito dinheiro, é a Segurança, porque ela, inevitavelmente, terá que passar pelo poder público para ser concretizada, seja no âmbito policial ou no sistema de Justiça Criminal.
Outro aspecto da Segurança Pública que agrega complexidade ao tema é a sua transversalidade que, em maior ou menor proporção, irá tangenciar todos os demais segmentos da sociedade e todas as demais profissões. Conforme descrito na “Teoria da motivação humana” do psicólogo Abraham Maslow, a segurança é uma necessidade básica do ser humano, que sucede as necessidades fisiológicas e se faz presente em todos os estágios do desenvolvimento humano, da luta pela sobrevivência até o ápice da realização pessoal, a busca pela segurança ou a sua necessidade estará presente.
Desta forma, é necessário desconstruir alguns paradigmas e aproximar a sociedade das agências de Segurança Pública para que haja uma cooperação, um esforço conjunto de toda a sociedade em busca do resultado objetivo e subjetivo “segurança”. As agências policiais têm a técnica e os equipamentos, mas a população tem as informações, o conhecimento do terreno e das pessoas que o ocupam, o domínio da rotina do ambiente, o acesso a elementos de provas e tantas outras contribuições que podem enrobustecer o trabalho dos agentes de segurança e justiça criminal.
Como curiosidade, menciono duas experiências internacionais que podem ser objeto de estudo para contribuir com a formulação de políticas públicas nesta área: Medellín, na Colômbia e Cuidad Juarez, no México. Ambas cidades conseguiram implementar um trabalho exitoso integrando poder público e sociedade civil e obtiveram resultados robustos na redução da criminalidade violenta”, exemplifica Estéfane. “Falando da cidade de Vitória, temos um início de caminho já percorrido na busca da integração, seja através da relação entre as polícias e a Guarda Municipal, seja através da atuação do Conselho Municipal de Segurança, seja por meio da participação direta do cidadão. É claro que essa relação precisa ser ainda mais estreitada, mas há uma convergência de esforços nesse sentido”, acrescenta.
A vice-prefeita ressalta ainda que, do ponto de vista da motivação profissional, um importante fator neste aglomerado de variáveis que contribuem para a construção da Segurança Pública, no topo da lista está o salário, seguido dos equipamentos e das condições de trabalho, “mas eu também acrescentaria como um importante fator, a motivação profissional, que pode ser fomenta pelas instituições e pela sociedade, reconhecendo a complexidade do trabalho policial e sendo uma parceira destas instituições”, explica.
Estéfane destaca também que, neste período de mandato, para além dos investimentos realizados pelo município nos salários, nos veículos, nas instalações e nos equipamentos, há um interesse em fazer o agente de segurança se sentir valorizado. “Por esta razão, no primeiro ano de mandato, eu tive a honra de organizar um torneio de tiros para a Guarda Municipal de Vitória, que contou com a participação de diversas outras guardas municipais e de praticamente todas as agências de segurança do Estado para fomentar a integração e a motivação desses profissionais. Tive também o convite e a oportunidade de contribuir com a obra científica “Lições Avançadas de Segurança Pública”, sob a coordenação do Dr. Roberto Darós, na qual há um artigo científico de minha autoria intitulado “Promulgação da lei 13.491 de 13 de outubro de 2017 e a problemática da identidade ambígua das polícias militares e corpos de bombeiros militares no Brasil” que reflete sobre a dualidade dos militares estaduais que são vistos, juridicamente, ora na ótica da Segurança Pública ora na ótica da Defesa Nacional, trazendo consequências práticas para o cotidiano desses profissionais e para o resultado fim da segurança”, diz orgulhosa.
Como vice-prefeita da cidade, Estéfane diz que está em constante diálogo sobre esta importante pasta nas esferas municipal, estadual e federal, sempre buscando a integração e a convergência de energia para o melhor resultado comum e coletivo.
Cabe ressaltar a importância do trabalho da Guarda Municipal e das demais agências de Segurança Pública para o município e a localidade que possuem a responsabilidade de estar mais próximo da população e, exatamente por isso, o dever de interagir e apresentar soluções e resultados”, frisa.
Turismo
Sobre o turismo, a capitã faz questão de exaltar as belezas da capital e destaca o que a atual gestão tem feito para melhorar ainda mais a vida dos moradores e dos turistas que excursionam pela cidade.
Vitória é uma cidade linda, capital de um estado de beleza natural exuberante e convidativo, mas que ainda precisa explorar mais a fundo todo o potencial turístico que possui e, inclusive, a oportunidade de geração de renda e riqueza que a atividade turística pode oferecer. Temos uma diversidade de parques, praias e praças públicas que merecem incentivo de exploração até dos moradores da nossa cidade”, explica.
Estéfane destaca que Vitória conta também com valores gastronômicos próprios, como a “Torta Capixaba”, produzida com tradição na Ilha das Caieiras, a panela de barro, tradicionalmente confeccionada pelas paneleiras de Goiabeiras, a atividade familiar dos pescadores e catadores de marisco, as desfiadeiras de siri, tradicionalmente encontradas no polo gastronômico da ilha das Cieiras, atividades manufaturadas em toda a cidade e produtos tipicamente capixabas, como o bombom Caieiras.
“Em conversa com a diretora de Turismo de Vitória, Luzia Toledo, eu fiz a sugestão da inclusão do Galpão das Paneleiras no roteiro da Bus Tour “ônibus de turismo” de Vitória, que poderia ter também no roteiro o polo gastronômico da Ilha das Caieiras e outras regiões tradicionais da capital. Nós temos também uma demanda latente na cidade pelo turismo de comunidade que poderia abrir para visitação, por exemplo, como uma programação turística guiada, a praia “privativa” de Jesus de Nazareth, o mirante da Fonte Grande e do bairro Conquista, a orla Baía Noroeste, que contempla vinte bairros margeados pelo manguezal da capital, em sua maioria em região de vulnerabilidade social, a região de mata do maciço central do município, dentre tantas outras possibilidades”, enumera.
Para Estéfane, o turismo de comunidade é uma opção de geração de emprego e renda local, de investimento na juventude das periferias e trabalho conjunto com a Segurança Pública e que impactaria nos seus resultados. “É uma sugestão registrada na gestão, que abriga um certo grau de complexidade, mas que abriria esse leque de exploração turística, geração de emprego e renda e contribuição para a segurança das comunidades”, finaliza.