Relações Internacionais

Celso Amorim, ministro nas sombras

Amorim foi nomeado em janeiro de 2023 para encabeçar a Assessoria Especial do Planalto

A coluna da semana passada se referiu a Amorim como chanceler, afinal Mauro Vieira comanda as relações exteriores apenas nas assinaturas, situação que causa desorganização e falta de transparência para com o povo brasileiro.

Currículos invejáveis
Celso assumiu a pasta durante 2003 e 2011, nos dois primeiros mandatos do presidente Lula e anteriormente entre 1993 e 1995, no governo Itamar Franco. Também foi embaixador no exterior e, na primeira presidência de Dilma, esteve à frente do Ministério da Defesa.
Já Mauro dirigiu as embaixadas da Argentina e dos Estados Unidos e a chancelaria da segunda administração de Rousseff, retornando em 2023 após a quinta vitória eleitoral do PT.

Estrela pop
Amorim foi nomeado em janeiro de 2023 para encabeçar a Assessoria Especial do Planalto, tendo sido um dos mais engajados conselheiros de Luís Inácio durante a campanha e o gabinete de transição.
Neste cargo, acompanha ligações para personalidades estrangeiras, viagens diplomáticas em que se encontra — por vezes sem ser acompanhado pelo representante máximo do Itamaraty — com Chefes de Estado e concede inúmeras entrevistas, sendo curiosa essa dinâmica de poder onde ele consulta, decide e divulga, sobrando para Vieira apenas ter seu nome nos papéis.

Futuro versus atraso
Enquanto o Brasil se prepara para um mundo multipolar, Celso ainda engatinha gradualmente para o entendimento do papel da nação nessa nova conjuntura, porém ainda dá valor às tradições de neutralidade e amizade com todos os blocos, o que como membro central do Brics+ e presidente do G20, ficará cada vez mais complicado.

Como diplomata de carreira, a adaptação aos novos tempos é mais fácil do que para os políticos envolvidos nas tomadas de decisões. Porém, mesmo que o Partido dos Trabalhadores tenha prestígio nas redes internacionais da esquerda, é preciso lembrar que os democratas americanos e trabalhistas, verdes e socialistas da Europa Ocidental defenderão primeiro a Otan e não as boas relações com o governo Lula, do qual outrora eram grandes parceiros.

Essa sinuca de bico causará ainda mais tensão do que a posição de culpabilizar tanto a Rússia quanto a Ucrânia pela guerra entre os dois países e propor nortear as negociações de paz. Da última vez em que o globo pós-revolução industrial não era bipolar, como na Guerra Fria, ou unipolar, como os 30 anos de domínio americano que começa a declinar, resultou em duas guerras mundiais, fato que prova a teoria do filósofo Thomas Hobbes, que argumentava que sem uma única autoridade central, vários líderes disputam o poder e causam mais conflito, com sua célebre frase: “o homem é o lobo do homem”.

Erik Zannon

Erik Zannon

Erik Zannon Graduando em Relações Internacionais, quinto período, Multivix

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