Saiba mais do gato-palheiro, espécie rara encontrada em Goiás

Espécime fotografado no Parque Nacional das Emas, em Goiás, é considerado raro — tanto pela cor de pelagem quanto pelo estado de conservação da espécie
Por Gabriel Andrade

Pesquisadores registraram um gato-palheiro pela primeira vez no Parque Nacional das Emas, em Goiás. Seu avistamento foi divulgado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O animal raro foi fotografado pelo analista ambiental Kennedy Borges, que atua com pesquisas da unidade. O animal é um integrante da espécie Leopardus braccatus. Um bicho desta espécie já havia sido avistado antes, mas é a primeira vez que um exemplar de pelagem escura (melânico) é visto e fotografado.
O ICMBio explica que isso é importante, pois o melanismo é uma característica genética que diferencia os gatos-palheiros fisicamente — que é uma maior deposição de melanina que torna os pelos pretos. Animais com melanismo são mais raros na natureza e ocorrem em outras espécies também, como as onças-pintadas, por exemplo.

Os gatos-palheiros são animais pequenos, que alcançam de 3 a 5kg, se alimentam de presas que conseguem capturar com saltos — em especial roedores, lagartos e aves. Diferentes espécies de gatos-palheiros estão espalhadas pelo continente sul-americano, mas a que ocorre no Parque Nacional das Emas é a espécie Leopardus braccatus. Até se parece um pouco com um gato doméstico à primeira vista, mas eles costumam ser maiores e mais altos.

Segundo Flávia Tirelli, especialista em taxonomia de felinos carnívoros brasileiros, a espécie é incomum ou rara na maior parte de sua distribuição. A pesquisadora também destaca que, até 2020, os gatos-palheiros eram conhecidos como uma única espécie, a Leopardus colocola. Mas um estudo observou que existem cinco espécies de gato-palheiro, que atualmente são reconhecidas pela ciência.

No Brasil, ocorrem duas espécies, o Leopardus braccatus na região central do País (biomas Cerrado e Pantanal). E o Leopardus munoai no sul do País (Pampas). O status de conservação destas espécies que habitam no País é perigosa para Leopardus braccatus e crítica para Leopardus munoai. As maiores ameaças à espécie são os atropelamentos e a perda de habitat. Por isso, para preservar os animais, a gestão do Parque Nacional das Emas tem realizado uma série de ações, como palestras e atividades de educação ambiental.

Além disso, foram confeccionadas placas que serão implantadas ao longo da rodovia para alertar os motoristas do perigo dos animais na pista. Assim, a conservação da vegetação do Parque Nacional também contribui para a preservação dos gatos-palheiros, pois permite que eles possam exercer sua natureza adequadamente. O gato-palheiro não é o único animal protegido pela Unidade de Conservação: cerca de outras 15 espécies ameaçadas habitam a região, dentre elas, a onça-pintada e o tamanduá-bandeira.

Fonte: Giz Brasil