A nova estrela da oposição venezuelana

María Corina Machado tem 56 anos e venceu as prévias da oposição com incríveis 92% dos votos. Basta saber se ela seguirá os passos fracassados de Juan Guaidó ou se conseguirá se firmar como a liderança que unirá os desafetos do regime de Nicolás Maduro.

Quem é
Ex-deputada, Machado foi uma das principais líderes dos protestos de 2014 contra a autocracia que se instaurou na nação. Tentou ser candidata ao cargo máximo em 2012 e 2019, e foi listada em 2018 como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo pela BBC.

Defende o voto impresso, privatizações, imposto progressivo, casamento homoafetivo, cannabis medicinal, um debate nacional sobre a questão do aborto e deseja acabar com a reeleição para todos os cargos.
Acredita que Maduro não será deposto por vias eleitorais por ser um ditador e se define como uma liberal de centro, tendo afirmado que é a única política que não está no espectro socialista no país, portanto apoia intervenções estrangeiras para derrotar o atual governo.

Interferência do aparato estatal
Na última segunda (30), o Supremo Tribunal da Venezuela suspendeu os resultados das primárias, quebrando o acordo entre governo e oposição que definiram os trâmites para escolher um adversário à Nicolás. As acusações contra a comissão organizacional foram violações eleitorais, crimes financeiros e conspiração. Essa ação retorna ao status quo as relações com os Estados Unidos da América, que havia retirado sanções econômicas para incentivar a realização das prévias.
María também foi impedida de assumir cargo eletivo por 15 anos, devido à sua liderança nos protestos de 2014, que já havia feito seu mandato como deputada ser cassado.

Caso Guaidó
Juan Gerardo Guaidó Márquez, de 40 anos, foi parte de um movimento estudantil antichavista e se tornou deputado em 2010. Em 2015, participou de uma greve de fome que exigia novas eleições parlamentares. Teve o braço quebrado pela polícia em uma manifestação e se tornou líder do congresso em 2018, chegando a ser preso.

Em 2019 se autodeclarou Presidente, sendo reconhecido pelos EUA, por países europeus e Brasil. Em 2022, após muito atrito, seus aliados derrubaram o governo interino, justificando que falhou para atingir o objetivo de restaurar a democracia. Juan está isolado no mundo político desde então.

Futuro
O sonho de Machado pode ter acabado antes de sequer começar, restando esperar a indignação do povo. Nicolás Maduro não sairá do cargo pela via eleitoral, afinal já contaminou o funcionamento institucional dos três poderes, e uma invasão estrangeira não parece estar nos planos da Otan, então a revolução popular torna-se a única saída.