Uma saída simples para ajudar a reduzir a ansiedade das crianças
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A superproteção faz com que crianças tenham medo do mundo. O brincar livre favorece habilidades como coragem e resiliência
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Muitos pais desta geração certamente têm boas recordações da infância, da época em que jogavam bola na rua, iam na casa do vizinho sozinhos e até frequentavam a sorveteria do bairro com os amigos. Hoje, pensar em deixar os filhos brincando na rua é algo raro, ainda mais nas grandes capitais brasileiras, diante da insegurança, do trânsito e dos perigos constantes que nos cercam.
No geral, as crianças fazem poucas saídas além da escola, sempre acompanhadas de adultos, sendo as brincadeiras e atividades limitadas, quase sempre, ao espaço dentro de casa ou à área protegida dos prédios em que moram. E apesar das boas intenções, esse excesso de proteção e supervisão tem prejudicado a liberdade e a autonomia das crianças, impactando a sua saúde mental.
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Essa cautela excessiva não é incomum — ao longo das últimas décadas, as crianças tornaram-se cada vez menos independentes. Em vez de correr para brincar depois da escola ou andar de bicicleta no estilo “Stranger Things”, é mais provável que elas estejam em ambientes fechados, no TikTok ou em aulas para adultos e esportes organizados”, destacam os autores do artigo “Esta solução simples pode ajudar crianças ansiosas”, publicado em setembro no jornal The New York Times (NYT).
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Camilo Ortiz, professor associado de psicologia na Long Island University Post, que realiza pesquisas sobre o tratamento de crianças com terapia cognitivo-comportamental, e Lenore Skenazy, presidente da organização sem fins lucrativos Let Grow (Deixe crescer, em tradução livre), ambos nos Estados Unidos — afirmam que, à medida que a liberdade das crianças diminui, a ansiedade delas aumenta.
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Não por acaso, o cirurgião-geral, maior autoridade em saúde pública dos Estados Unidos, declarou que o declínio da saúde mental é “a crise do nosso tempo”. Para Camilo e Lenore, embora existam muitas razões para o sofrimento dos nossos filhos, essa dor pode estar relacionada ao simples fato de as crianças estarem crescendo tão superprotegidas que têm medo do mundo.
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Nesse caso, a solução também seria simples: começar a deixá-las fazer mais coisas por conta própria”, dizem os autores do artigo no NYT.
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Para eles, a supervisão e intervenção constantes podem prejudicar o desenvolvimento de habilidades como coragem e resiliência nas crianças.
O que falta hoje não é apenas a emoção de subir em árvores ou brincar de pega-pega. Se um adulto está sempre presente — pessoal ou eletronicamente — as crianças não conseguem ver do que realmente são feitas. As crianças devem ter um relacionamento amoroso e seguro com os pais, é claro. Mas se você pensar em uma época em que estava sozinho quando criança e se perdeu ou talvez caiu da bicicleta, provavelmente ainda se lembra do que aconteceu a seguir. Você mancou todo o caminho para casa ou pediu ajuda a um estranho. Você conseguiu. E isso foi um marco”.
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As crianças precisam de muitas dessas experiências, pois elas “assassinam” a ansiedade, destacam os especialistas.
Ambos lamentamos o fato de os pais de diferentes classes sociais acreditarem agora que quanto maior o número de atividades estruturadas e supervisionadas em que puderem colocar os seus filhos, melhor será para eles”, avaliam.
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Quanto maior a liberdade e o bem-estar das crianças, menor o estresse
Eles citam um estudo publicado em setembro no Journal of Pediatrics que destaca duas tendências preocupantes: a diminuição da atividade independente e das brincadeiras oferecidas às crianças ao longo do último meio século e o aumento acelerado dos transtornos de saúde mental e suicídios entre jovens durante o mesmo período.
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Nossa tese é de que a principal causa do aumento dos transtornos mentais é um declínio ao longo das décadas de oportunidades para crianças e adolescentes brincarem, passearem e se envolverem em atividades independentes de supervisão e controle direto por parte dos adultos”, afirmam os pesquisadores do artigo Declínio na atividade independente como causa do declínio no bem-estar mental das crianças: resumo das evidências.
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De acordo com a pesquisa, as atividades independentes podem promover bem-estar através de efeitos imediatos, como fonte direta de satisfação, e de longo prazo, construir características mentais que fornecem uma base para lidar eficazmente com o estresse da vida.
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Projeto estimula alunos a aprenderem por conta própria
O Projeto Let Grow, conduzido por Lenore, busca incentivar nas escolas que alunos possam aprender a resolver mais coisas por conta própria. As instruções dizem às crianças para irem para casa e perguntarem aos pais se podem fazer algo novo sozinhos (ou com um amigo), como passear com o cachorro ou preparar o café da manhã da família — atividades que eles se sentem prontos para fazer, mas ainda não as fizeram. E ao fazer com que participem mais das atividades domésticas, eles se sentem mais confiantes e responsáveis.
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Lenore é uma mãe nova-iorquina que criou a organização depois de ser rotulada a Pior Mãe da América por deixar seu filho de 9 anos andar de metrô sozinho em 2008, e escrever uma coluna sobre isso. Foi quando iniciou o movimento Free-Range Kids, que depois mudou para Let Grow e busca promover a independência e a resiliência da infância.
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Fonte: Canguru News