Política

Quinze de novembro é dia de luto nacional

Não há nada a comemorar no feriado que representa o mais negro ato da história brasileira, do qual consequências perduram mesmo depois de 134 anos

Era de ouro
Antes da independência do Brasil, Dom Pedro I já era um iluminista. O jovem de ideias arejadas e modernas, ao lado do brilhante José Bonifácio e de sua esposa Dona Leopoldina, uma conservadora aristocrata austríaca que soube se adaptar aos novos tempos e teve protagonismo na criação do Império, promulgou decretos que garantiram liberdades individuais e religiosas, além de reduzir impostos. Abdicou para lutar contra seu próprio irmão pelo trono português, vencendo o autoritário Dom Miguel e outorgando uma Carta Magna democrática conhecida como liberal, nos moldes da brasileira Constituição de 1824, que previa separação de poderes entre os entes Executivo, Legislativo, Judiciário e o Moderador, que era exercido pelo Imperador.
No Segundo Reinado, Dom Pedro II conseguiu prover o maior período de estabilidade política na nação, com equilíbrio entre governos dos partidos liberal e conservador. Os republicanos tinham plenos direitos de formar legenda e disputar eleições, porém nunca tiveram mais do que uma pífia minoria no Congresso. O País se desenvolvia mediante ferrovias, introdução dos telégrafos, aparelhos telefônicos e investimento maciço em educação, inclusive para pessoas com deficiência, como o Instituto dos Meninos Cegos.

As artes e a cultura também gozavam do seu papel, sendo o próprio monarca frequentador de círculos intelectuais nacional e internacionalmente. Os meios de comunicação usufruíam de uma liberdade inigualável, zombavam dos políticos e da própria Família Imperial, a resposta de Pedro era que “imprensa se combate com imprensa”.

Os Braganças eram abolicionistas desde o início, com declarações nesse sentido partindo ainda de Pedro I, Pedro II usando as Falas do Trono — discurso anual na abertura de trabalhos do parlamento — para chamar atenção ao fato e filhos da Princesa Isabel chefiando um jornal abolicionista.

O golpe covarde
A classe dos latifundiários estava infeliz com a libertação dos escravos pela Lei Áurea em 1888, que finalizou um projeto abolicionista de 40 anos. Os militares desejavam mais poderes, privilégios e remuneração devido à Guerra do Paraguai, já a Igreja Católica tinha conflitos com o Estado, pois não só outras religiões eram protegidas, mas também a maçonaria.

Os desafetos se uniram, e, um doente e envergonhado Marechal Deodoro, amigo pessoal de Pedro II, liderou o golpe republicano, conhecido como proclamação. A Família Imperial foi retirada de Petrópolis na calada da noite para evitar reação da população fielmente monarquista. Foi oferecida uma compensação em ouro, ato que irritou o Imperador que questionou com que direito saqueavam os cofres da nação.

Dona Teresa Cristina morreu de tristeza em 28 de dezembro de 1889 e Dom Pedro II definhou até 5 de dezembro de 1891, tendo como último desejo paz e prosperidade para sua terra.

República das bananas
Desde 15 de novembro de 1889, o Brasil teve seis constituições, três ditaduras, sete golpes e uma instabilidade política que até hoje assola o País. A “proclamação” foi um erro histórico, e apesar de tentarem reescrever a história por 134 anos, o estudo, a revisão e o apoio à monarquia continuam substanciais.

Erik Zannon

Erik Zannon

Erik Zannon Graduando em Relações Internacionais, quinto período, Multivix

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