Meio ambiente

Aranha sapateadora é reencontrada depois de 92 anos em Portugal

A aranha, que é conhecida como sapateadora pelos seus hábitos na hora da reprodução, é endêmica de Portugal e não era vista desde 1931

Por Gabriel Andrade

Prestes a completar 100 anos desaparecida, uma equipe de cientistas redescobriu uma espécie de aranha-buraqueira que estava perdida para a ciência desde 1931. A aranha, conhecida como “sapateadora”, é endêmica de Portugal.
Elas têm esse apelido pois, durante a reprodução, os machos fazem um sapateado junto à porta do buraco onde está a fêmea. Assim, ficam na esperança de conquistar o coração da amada.
A espécie foi descrita pela primeira vez em 1931 pela pioneira entomologista Amélia Bacelar. Bacelar só conseguiu pesquisar aranhas fêmeas da espécie, e os únicos exemplares conhecidos foram queimados em um incêndio em um museu em 1978.

A aranha-buraqueira-de-fagilde é a única espécie endêmica de Portugal que não tinha um avistamento documentado por quase um século ou mais”, comentou, em comunicado Sérgio Henriques, coordenador da conservação de invertebrados no Global Center for Species Survival.

Como a aranha sapateadora foi encontrada

Em 2011, Sérgio Henriques encontrou buracos horizontais, uma orientação que é única da buraqueira-de-fagilde. Porém, não encontrou aranhas, apenas os seus vestígios. Em contrapartida, uma década depois, em 2021, a expedição regressou àquelas zonas de floresta em Fagilde e nos arredores.

A equipe que fez a expedição procurou a aranha nas florestas em redor de Fagilde, cidade a cerca de 290km de Lisboa, entre agosto de 2021 e novembro de 2023. As equipes varreram o solo entre as folhas secas à procura dos buracos da aranha. Ou seja, construindo abrigos artificiais na esperança de atrair machos desta espécie.

Estas aranhas escavam os seus buracos com 10 centímetros de profundidade no solo e tapam com portas circulares com 2,5 centímetros de diâmetro. Ou seja, elas podem permanecer nos seus buracos durante anos, saindo apenas para procurar alimento ou parceiros.

O outono é a estação do ano em que ocorre a reprodução das aranhas-buraqueiras. Por isso, os cientistas se focaram em tentar encontrar as aranhas nesse período. A persistência da equipe foi recompensada numa das suas muitas expedições. Os investigadores encontraram um buraco coberto com fios de seda, um sinal das aranhas-buraqueiras.

O buraco tinha ainda uma porta circular que estava trancada por dentro. Henriques escavou, com cuidado, perto do buraco e descobriu uma fêmea adulta com dez aranhas bebês lá dentro. Por fim, a aranha foi encontrada na única área onde a buraqueira-de-fagilde tinha sido registrada e tinha o mesmo padrão dorsal mencionado na descrição original feita em 1931.

Fonte: Giz Brasil

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