O novo Rei da Dinamarca

A única soberana existente no planeta e a monarca de maior longevidade na Europa abdicará do trono em 14 de janeiro, data que marcará 52 anos de sua ascensão à realeza

O reinado
Desde 14 de janeiro de 1972, Margreth II ocupa o trono da Dinamarca, tendo sucedido seu pai, Frederick IX. Ela é a primeira mulher a reinar na Dinamarca desde Margreth I, que governou os reinos escandinavos no século XIV. Além de ser a soberana da Dinamarca, ela é também a chefe de Estado da Groenlândia e das Ilhas Faroé, territórios autônomos que pertencem à Dinamarca.
Margreth II é uma monarca admirada e respeitada pelo povo dinamarquês, que soube modernizar a instituição real sem perder sua dignidade e autoridade. Ela se destaca por sua erudição, cultura e criatividade, possuindo formação em ciências políticas, arqueologia e história da arte. Ela também é uma artista habilidosa, que utiliza o pseudônimo de Ingahild Grathmer para desenhar e pintar. Ela é responsável pela ilustração de livros, como a edição dinamarquesa de O Senhor dos Anéis, e pela criação de cenários e figurinos para peças de teatro e óperas.

Ao longo de seu reinado, MargrethII realizou mais de 50 visitas de Estado a diversos países, estreitando as relações diplomáticas e comerciais da Dinamarca. Ela também acolheu em seu palácio vários líderes mundiais, como Barack Obama, Vladimir Putin e Nelson Mandela. Ela é uma defensora dos direitos humanos, da democracia, da sustentabilidade e da cooperação internacional. Ela é patrona de mais de 600 organizações e fundações, que atuam em áreas como saúde, educação, cultura, esporte e meio ambiente.

Margreth II se casou em 1967 com o príncipe Henrik, um diplomata francês que se tornou príncipe consorte da Dinamarca. Eles têm dois filhos, Frederik e Joachim, e oito netos. Em 2018, o príncipe Henrik faleceu aos 83 anos, após uma longa doença. A rainha mostrou grande dignidade e coragem diante da perda de seu companheiro de mais de 50 anos.

Em 2023, Margreth II completou 51 anos e seis meses de reinado, superando o recorde de Christian IV, que governou de 1596 a 1648. Ela também é a monarca viva com o reinado mais longo da Europa e do mundo, após a morte da rainha Elizabeth II do Reino Unido, em 2022.

Em seu discurso de ano novo de 2023, Margareth II anunciou que irá abdicar do trono em 14 de janeiro de 2024, data em que completará 52 anos de reinado. Ela disse que tomou essa decisão por motivos de saúde e por confiar na capacidade de seu filho mais velho, Frederik, de assumir o papel de rei da Dinamarca. Ela agradeceu ao povo dinamarquês pelo apoio e carinho que recebeu durante sua longa e bem-sucedida jornada como rainha.
O Príncipe

O príncipe herdeiro Frederik, no início da década de 1990, tinha a reputação de ser um príncipe festeiro na Dinamarca, porém essa imagem começou a se alterar após a sua graduação na Universidade de Aarhus em 1995, com um mestrado em ciências políticas. Ele foi o primeiro príncipe dinamarquês a obter uma formação universitária.

Durante a sua trajetória acadêmica, ele frequentou a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, onde se inscreveu sob o pseudônimo de Frederik Henriksen. Posteriormente, ele ingressou na marinha dinamarquesa, onde recebeu o apelido de “Pingo” — que, segundo o jornal Mail, foi atribuído após o seu traje de mergulho se encher de água durante um curso de mergulho e ele ter que se movimentar como um pinguim.

O homem de 55 anos destacou-se como um aventureiro, participando de uma expedição de esqui de quatro meses pela Groenlândia em 2000. Ele foi hospitalizado após acidentes de trenó e scooter.
“Eu não quero me isolar em uma fortaleza. Eu quero ser eu mesmo, um ser humano”, ele declarou certa vez, assegurando que manteria essa postura mesmo após assumir o trono.

O príncipe herdeiro Frederik, assim como o rei britânico Charles III, é reconhecido por sua paixão pelo meio ambiente. Ele se comprometeu a “conduzir o navio” da Dinamarca para o futuro.
A sua esposa, a princesa Mary, nascida na Austrália, cresceu na ilha da Tasmânia e exercia a profissão de advogada quando se encontraram em 2000, em um bar em Sydney durante os Jogos Olímpicos.

Ela afirmou em uma entrevista que não sabia que ele era o príncipe da Dinamarca quando se conheceram, dizendo: “Meia hora depois alguém veio até mim e disse: ‘Você sabe quem são essas pessoas?'”.
Eles são vistos por alguns como representantes de valores modernos e tentaram proporcionar aos seus quatro filhos — uma filha, um filho e gêmeos — uma educação o mais normal possível, matriculando-os, principalmente, em escolas públicas.
