Economia Política

Os desafios da mulher contemporânea

Em muitos casos a mulher acumula as funções de chefe de família, cuidados domésticos e a maternagem ficando, quase sempre, sobrecarregada

Segundo o Censo Demográfico 2022, o Brasil tem 104,5 milhões de mulheres, o que representa uma fatia de 51,5% da população, enquanto na outra ponta da tabela, 48,5% do total de brasileiros são homens.
Nesse universo considerado enigmático para muitos elas sempre tiveram um papel importante na sociedade. Do papel secundário nas sociedades antigas, passou a ser extremamente importante nos dias atuais. Apesar da nossa herança histórica do sistema social, completamente patriarcal, a cada dia que passa abandonam a figura de simples dona de casa e assumem postos de trabalho com cargos importantes em empresas deixando a submissão no passado.
Com uma crescente presença no mercado de trabalho, a desigualdade é notória no que se refere às diferenças de gêneros, pois em muitos casos a mulher acumula as funções de chefe de família, cuidados domésticos e a maternagem ficando, quase sempre, sobrecarregada.

No mercado de trabalho, elas são minoria nos cargos de nível superior e amargam salários menores do que o dos homens, quadro acentuando ainda mais quando nos referimos às mulheres negras.

(Foto: Banco de Imagens Embrapa/IBGE/Mapa)

No campo político também é grande a desigualdade, se comparado aos homens nos cargos executivos, legislativos e judiciários. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na última majoritária, o número de representantes da bancada feminina na Câmara Federal saltou de 77 deputadas eleitas em 2018, para 91 em 2022, um aumento de 18% de parlamentares femininas, quatro senadoras e apenas duas governadoras, nas 27 unidades federativas.

Para a Procuradora da Mulher da Câmara dos Deputados, deputada Tereza Nelma (AL) “é preciso continuar incentivando e intensificando a participação das mulheres na política para que, a cada nova eleição, a representatividade feminina seja fortalecida no legislativo, e não apenas no âmbito federal, mas também nos estados e municípios”.

Em terras capixabas, nas últimas eleições municipais (2021), o resultado obtido pelas mulheres, nos 78 municípios, foi melhor nas câmaras municipais, onde 91 foram eleitas vereadoras. Em contrapartida, apenas Ana Izabel Malacarne de Oliveira foi eleita prefeita, em São Domingos do Norte.

Outro ponto que não pode deixar de ser abordado é a questão da violência. Embora leis específicas (tais como a “Lei Maria da Penha”) e as Delegacias da Mulher tenham sido criadas no Brasil, ainda são numerosos os casos de agressões no ambiente domiciliar, assédio, estupro, assassinatos e outros. Isso sem falar no monitoramento social constante sobre as atitudes e o corpo da mulher, que são cada vez mais cercados de “regras” e posturas morais que, muitas vezes, privam os direitos e as liberdades individuais.

Para a pedagoga Suzana Guimarães, apresentada no início do mês como a pré-candidata à prefeitura de Fundão, pelo Partido Liberal (PL), culturalmente, a população feminina no Brasil vive num molde social machista.

Suzana Guimarães (Foto: Michel Brugnoli/F&N)

O papel da mulher na sociedade vem se tornando cada vez maior e melhor, mas ainda existem muitos desafios. É fundamental melhorar o acesso das mulheres a postos de trabalho e cargos elegíveis, promover melhores salários, efetivar o direito da mulher sobre o seu próprio corpo e sobre a sua liberdade individual e buscar mecanismos de amparo e proteção de mulheres ameaçadas em seus cotidianos. Estamos num processo de mudanças por gerações e a caminhada não é fácil. Houve avanços e podemos notar reconhecimento significativo da sociedade e isso é o que nos motiva a trabalhar mais e mais”, afirma.

Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

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