Estudo flagra periquito “malabarista”, que usa bico para se pendurar em galhos

Método de locomoção impressiona cientistas, que comentam a inovação do uso do bico, estrutura primordialmente usada para alimentação

Os pássaros são conhecidos pela habilidade de voar, mas se locomovem de outras formas. Avestruzes podem correr a mais de 40 quilômetros por hora, e pinguins podem mergulhar e nadar mais rápido que atletas olímpicos, entre alguns exemplos. Em janeiro, mais uma habilidade dessa caixinha de surpresas do mundo animal foi registrada por pesquisadores dos Estados Unidos.
Um estudo do New York Institute of Technology revelou um movimento inédito dos agapórnis de cara rosada, pequenos periquitos conhecidos como “lovebirds”, ou aves-do-amor. Para se locomover em galhos mais finos, estas aves usam o bico como um terceiro membro, segurando o peso do corpo enquanto as patas vão pulando adiante para se agarrar à árvore.

O movimento foi batizado como “beakiation”, algo como “bicação”, em tradução livre. O termo remete à palavra “beak” (bico, em inglês). Isso porque o método de locomoção se assemelha ao estilo de balançar os braços que os primatas usam para se mover nas copas das árvores, conhecido como braquiação.
Edwin Dickinson, anatomista coautor do estudo, afirmou à revista Smithsonian Magazine que a equipe estuda soluções inesperadas que os animais apresentam para se movimentar em ambientes diferentes.

No caso dos papagaios, eles basicamente usam seu sistema de alimentação para se mover, e isso é uma tarefa bastante complicada do ponto de vista neurológico”, afirma o pesquisador.

Para descobrir essa habilidade, os cientistas americanos registraram o experimento com quatro periquitos, que tiveram de se locomover por um “galho” impresso em tecnologia 3D com 2,5 milímetros de diâmetro.
Como o galho era muito fino para andar, os pássaros tinham que agarrá-lo com as patas e o bico, deixando o corpo pendurado.

Quanto menor o substrato, mais difícil é permanecer em pé sem cair, então a solução natural seria passar por baixo e simplesmente se pendurar”, afirma a coautora Melody Young.

Os pássaros não foram treinados ou incentivados a fazer o movimento oscilante. “Apenas os pusemos e todos os quatro pássaros optaram por adotar o mesmo comportamento”, diz Young.
Os agapórnis do experimento vivem na Faculdade de Medicina Osteopática do instituto. Não se sabe com que frequência os seus “primos” selvagens, que vivem nas florestas do sudoeste de África, usam esta técnica.

Fonte: Um Só Planeta