Internacional

Sem comida e eletricidade, explode a revolta dos cubanos contra a ditadura

Cubano-americanos se reuniram em frente ao famoso restaurante cubano Versailles, em Miami, Flórida, neste domingo (17)

Por Isabella de Paula

Cuba enfrenta uma grave crise generalizada há pelo menos três anos, marcada pela falta de alimentos básicos, eletricidade, aumento elevado dos combustíveis e do transporte, escassez de alimentos e um êxodo recorde, que levou mais de 400 mil pessoas a migrarem para fora da ilha. Tudo isso provocou uma reação massiva da população, neste domingo (17), que foi às ruas em protestos por diferentes pontos do país e fora dele.
Na segunda maior cidade da ilha, Santiago, onde os apagões se estendiam por 18 horas ou mais por dia, os manifestantes mostraram indignação com a atual situação do país com gritos de “comida e eletricidade”, segundo vídeos publicados nas redes sociais. Algumas áreas próximas aos protestos tiveram o serviço de internet interrompido ou limitado. A Polícia também foi acionada pela ditadura para reprimir os atos.

O líder do regime, Miguel Díaz-Canel, confirmou a realização dos atos na rede social X, tentando justificar a crise na ilha pelos motivos que repetidamente utiliza, como o embargo dos EUA. Ainda, o ditador pediu para que a situação fosse resolvida com “paz e tranquilidade”.

Várias pessoas expressaram sua insatisfação com a situação do serviço elétrico e da distribuição de alimentos. A disposição das autoridades do partido e do estado é de atender às reclamações do nosso povo, ouvir, dialogar, explicar os numerosos esforços que estão a ser realizados para melhorar a situação, sempre num clima de tranquilidade e paz”, disse.

Díaz-Canel também afirmou que “terroristas” americanos buscam fomentar novas revoltas para “fins desestabilizadores” do regime. Segundo a agência Reuters, Havana e regiões próximas, que foram alvos das grandes manifestações de julho de 2011, aparentemente não tiveram atos até a noite deste domingo. Algumas imagens foram captadas de supostos protestos em outra grande cidade, Bayamo, segundo a AFP, e em Miami, onde cubanos com dupla cidadania se reuniram em frente ao famoso restaurante Versailles, com bandeiras e gritos de repreensão à ditadura.

A embaixada dos EUA na capital cubana emitiu uma nota, dizendo que estava monitorando os protestos em Santiago e em outros pontos do país. No comunicado, a sede da representação americana em Havana pediu ao regime cubano que “respeitasse os direitos humanos dos manifestantes e atendesse suas necessidades legítimas”.

A declaração foi combatida pelo ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez, que criticou os comentários da Embaixada dos EUA, afirmando que a culpa pela atual crise na ilha é devido ao embargo comercial e às sanções de longa data dos EUA.

O governo dos EUA, especialmente a sua embaixada em Cuba, deve abster-se de interferir nos assuntos internos do país e de incitar a desordem social”, disse.

Segundo estimativas oficiais, a economia cubana encolheu 2% no ano passado, enquanto a inflação atingiu 30% – número que deve ser muito maior do que o informado pela ditadura.

Fonte: Gazeta do Povo

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