Tecnologia & Inovação

Novo sistema transforma água salgada em potável

A nova tecnologia de dessalinização usa energia solar e pode revolucionar o acesso à água limpa, especialmente em países em desenvolvimento

Por Pedro Spadoni

Cientistas desenvolveram um sistema de dessalinização movida a energia solar que transforma água salgada em doce e, mais importante, potável. Essa nova tecnologia pode revolucionar o acesso à água limpa, especialmente em países em desenvolvimento. Para você ter ideia, aproximadamente 40% da população mundial enfrenta escassez de água, problema agravado pelas mudanças climáticas. O novo sistema, desenvolvido por pesquisadores do King’s College London em parceria com o MIT e o Instituto Helmhotz, promete ser uma solução eficaz e econômica para este cenário. O artigo sobre a tecnologia foi publicado na revista Nature Water.
O sistema desenvolvido pelos cientistas usa membranas especializadas para canalizar íons de sal num fluxo de salmoura. Isso pode então ser separado da água, deixando-a fresca e potável. Além disso, a equipe desenvolveu uma maneira de ajustar flexivelmente a voltagem e a taxa com que a água salgada flui pelo sistema. Isso permitiu que eles se ajustassem à quantidade de luz solar disponível sem comprometer a quantidade total de água potável produzida.

A equipe inicialmente coletou informações na vila de Chelleru, perto de Hyderabad, na Índia (onde 60% da terra contém água salgada). Eles então usaram essas informações para recriar as mesmas condições numa vila no Novo México, nos Estados Unidos. Lá, eles converteram com sucesso até dez metros cúbicos de água doce — o suficiente para fornecer para três mil pessoas por dia. E o processo continuou independentemente de o Sol estar obscurecido por nuvens ou chuva.

Esta tecnologia pode expandir as fontes de água disponíveis para as comunidades além das tradicionais e, ao fornecer água de fontes salinas não contaminadas, pode ajudar a combater a escassez de água ou emergências inesperadas quando os suprimentos de água convencionais são interrompidos, por exemplo, como os recentes surtos de cólera na Zâmbia”, informa Wei He, professor sênior de Engenharia no King’s College London.

Este novo sistema de baixo custo, que é “semelhante a uma bateria”, oferece novas e sustentáveis maneiras de dessalinizar água, reduzindo a pressão sobre os consumidores individuais para manutenção.

Ao eliminar a necessidade de um sistema de rede e cortar a dependência da tecnologia de bateria em 92%, nosso sistema pode fornecer acesso confiável à água potável segura, totalmente livre de emissões no local e com um desconto de aproximadamente 22% para as pessoas que precisam dela em comparação com os métodos tradicionais”, afirma o pesquisador.

O novo sistema também poderia ajudar a compensar futuros problemas causados pelas mudanças climáticas, especialmente para a agricultura. Embora o objetivo seja limitar os efeitos das mudanças climáticas como um todo, a capacidade de produzir água doce limpa a partir de água salgada poderia ajudar na irrigação.

Água doce para irrigação é um grande problema em todo o mundo, incluindo América do Norte, Oriente Médio e África Subsaariana. Seca e custo são grandes desafios para uma indústria que depende de reservas instáveis de água para sobreviver, e as mudanças climáticas vão agravar ainda mais esses desafios. Ao fornecer uma maneira sustentável para os agricultores produzirem água doce para irrigação a um preço reduzido sem comprometer seu volume, podemos ajudá-los a reduzir custos, mitigar emissões de carbono e garantir a produção agrícola e, eventualmente, transferir esses benefícios para os consumidores”, explica He.

O pesquisador também falou sobre os próximos passos do novo sistema. “O próximo passo para nós é aplicar esta tecnologia de baixo custo a outros setores, incluindo tratamento de águas residuais e produção de alcalino para ajudar o oceano a absorver mais CO₂ da atmosfera. Adotando essa abordagem, não podemos apenas descarbonizar a agricultura, mas também obter benefícios ambientais e climáticos mais amplos”.

Fonte: Olhar Digital

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