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Curiosidade — Como surgiu a expressão “fale com a minha mão”?

Por Maura Martins

Tem uma expressão estranha que talvez você já tenha usado algum dia e que consiste em mandar alguém “falar com a sua mão”. Embora fosse mais comum nos anos 1990, é uma forma de dizer para o outro, de uma maneira até engraçada, que você não está mais interessado em ouvir o que ele tem para dizer.
Não faz nenhum sentido, claro. Mas onde será que surgiu essa forma idiomática? A resposta pode estar nas comédias que fizeram sucesso nos anos 1990. Uma das primeiras séries que se tem registro de ter usado a expressão foi a comédia Martin, veiculada pela Fox entre 1992 e 1997. O ator Martin Lawrence vivia o personagem Martin Payne, um DJ de Detroit que batalha para equilibrar sua vida pessoal e profissional.

A parceira de Lawrence na série, a atriz Tisha Campbell, rememorou a expressão ao dar uma entrevista para a Fox 5 em 2023, e falou do sucesso da frase: “quando começamos a ver pessoas fazendo isso na rua, pensamos: ‘alguém vai ter a mão cortada’”, brincou na entrevista.

Já na série The Nanny, estrelada por Fran Drescher entre 1993 e 1999, a protagonista usava essa frase diversas vezes, como um bordão. Drescher depois repetiu a expressão no seu filme de 1997, chamado Beautician and the Beast. E duas músicas — “Talk to the Hand” de Buttergirl de 1995 e “Talk to the Hand” de The Loomers de 1996 — também adotaram a frase.

Os vários sentidos de “fale com minha mão”
Mas é difícil pontuar se Martin estava colocando um novo elemento na cultura ou refletindo algo que já estava presente nela. O fato é que dois dicionários — o Oxford English Dictionary e o Green’s Dictionary of Slang — trazem a expressão e datam sua origem em 1995. O “fale com a minha mão” entrou como parte de uma coleção de gírias organizada por uma linguista na Universidade da Carolina do Norte.

Mas o Green’s Dictionary of Slang registra algumas expressões mais antigas que são semelhantes. Talk to the engineer, not the oily rag e talk to the butcher, not the block eram usadas nos anos 1920 no contexto de dizer algo como “fale com o supervisor, não com o subordinado”. Não tem o mesmo significado que a expressão da mão, mas tem uma formulação parecida.

Com o tempo, a frase foi se tornando bastante popular e até recebendo algumas variações como “Fale com a mão, porque a mão não responde”, “Fale com o dedo, porque você não vale cinco”. “Fale com a mão, porque o rosto não está ouvindo” e “Fale com o cotovelo, porque você não vale a extensão”.

Aí, claro, chegou um ponto que ninguém aguentava mais ouvir essa expressão jocosa. Provavelmente isso aconteceu depois que ela foi citada nos filmes Austin Powers: O Agente Bond Cama, de 1999, e até em O Exterminador do Futuro 3 — A Rebelião das Máquinas, de 2003 (curiosidade: o T-800 usa o “fale com minha mão” para tentar se misturar com a população sem deixar claro que ele é um robô).

Fonte: Mega Curioso

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