Meio ambiente

Mandacaru-azul, uma beleza singular da caatinga

Por Daia Florios

Uma planta que parece fake de tão bonita que é. Você já ouviu falar do cacto-azul, mandacaru-azul, facheiro-azul ou mandacaru-de-facho? O Pilosocereus pachycladus é uma cactácea nativa do Brasil, particularmente encontrada na região Nordeste. Sua presença é marcante no cenário árido e áspero da caatinga, onde se destaca por sua forma esguia, caule cilíndrico e coloração verde-azulada.
Essa espécie pode alcançar até 10 metros de altura se plantada no solo, com ramos dispostos em espiral e cobertos por pequenos espinhos claros, tornando-o um ícone visual dessa paisagem única. Se plantado em vaso, o cacto-azul pode chegar a 1,5 metro de altura, dependendo do tamanho do vaso, mas sua peculiaridade não se resume à cor ou altura, e sim à sua floração que só ocorre na planta adulta, depois de uns quatro anos de vida aproximadamente.

Suas flores costumam desabrochar à noite, fechando-se com o raiar do sol, sendo mais comum encontrar esse espetáculo de beleza noturna entre os meses de outubro e novembro. Essa particularidade na floração noturna do mandacaru-azul é bastante intrigante e está relacionada a uma adaptação ao ambiente em que a planta cresce.

Durante o dia, as altas temperaturas podem ser extremas no ambiente semiárido, no qual esse cacto é encontrado comumente. Assim, a floração noturna pode ser uma estratégia evolutiva para a planta evitar a perda excessiva de água por meio da transpiração, já que as temperaturas são mais amenas durante a noite, proporcionando um ambiente mais favorável para o desenvolvimento da flor.

Essa adaptação ao horário noturno também atrai polinizadores específicos, como mariposas e morcegos, que são mais ativos durante a noite, mas também por abelhas pela manhã. As flores liberam um aroma adocicado para atrair esses polinizadores, garantindo a reprodução e o sucesso na propagação da espécie.

A flor do mandacaru-azul, quando desabrocha, apresenta tons de branco ou creme, muitas vezes com nuances de amarelo ou rosa. Sua beleza é ainda mais realçada pela contrastante escuridão da noite, o que torna esse evento de floração algo singular e espetacular de se testemunhar. É um fenômeno encantador que revela a beleza e a engenhosidade das plantas no reino vegetal.

Como cuidar de um mandacaru-azul
Para garantir uma floração saudável e vibrante do mandacaru-azul, alguns cuidados específicos são necessários.

1. Localização e clima: é uma planta que se adapta bem a climas quentes e secos, típicos da região da caatinga. Deve ser cultivada em locais com boa exposição solar, preferencialmente em áreas externas onde possa receber luz direta, sol pleno ou meia sombra. É uma planta que não suporta frio extremo. Quem o plantar na Europa precisa proteger a planta das geadas.

2. Solo e drenagem: o solo ideal para o mandacaru-azul é aquele bem drenado, arenoso e com baixa umidade. A planta não tolera encharcamentos, portanto, o solo precisa permitir a rápida drenagem da água.

3. Rega: devido à sua adaptação a climas secos, o mandacaru-azul não requer regas frequentes. Deve-se absolutamente evitar o excesso de água. Regue apenas se a terra estiver superseca, o que pode ser a cada 10 dias, ou uma vez por semana aproximadamente, durante o verão, de 15 em 15 dias durante outono e primavera, não precisando regar no inverno.

4. Adubação: uma adubação anual no início da primavera pode ser benéfica para estimular o crescimento e a floração. Adubos específicos para cactos e suculentas são recomendados para garantir os nutrientes necessários. Uma boa opção pode ser a farinha de osso.

5. Propriedades medicinais: na medicina popular, a planta é usada para tratar inflamação da próstata e infecção urinária. Um estudo demonstrou atividade antibacteriana e possível utilidade na resistência ao uso de antibióticos.

6. Usos: várias partes do mandacaru-azul são aproveitadas. Seus frutos podem ser consumidos in natura ou utilizados na produção de sucos, enquanto suas raízes são empregadas em infusões para aliviar dores e problemas estomacais. Essa utilização, embora baseada em conhecimento tradicional, deve ser feita com cautela e preferencialmente orientada por profissionais da saúde.

7. Importância ecológica e simbolismo: além de suas propriedades medicinais e beleza cênica, o mandacaru-azul desempenha um papel crucial na ecologia da caatinga. Suas características únicas oferecem abrigo e alimento para diversos animais, ajudando a manter o equilíbrio ecológico dessa região semiárida. Símbolo emblemático do sertão nordestino, o mandacaru representa a resiliência e a adaptação das plantas ao ambiente hostil da caatinga, inspirando artistas, músicos e poetas, que frequentemente o retratam em suas obras como um ícone da cultura popular.

Símbolo de perseverança e exuberância
O mandacaru-azul, com sua estética impressionante e sua capacidade de resistir a condições adversas, é mais do que uma simples planta do sertão. É um símbolo de perseverança e exuberância em meio à aridez. Seu cultivo e preservação não apenas realçam a beleza das paisagens áridas, mas também garantem a continuidade de um legado cultural e ecológico valioso para o Brasil.

Fonte: GreenMe

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