Meio ambiente

Ela arde, ela pula, ela canta: conheça a rã-pimenta

A rã-pimenta é considerada a maior rã da fauna brasileira

Por Marcia Denise Guedes

Ardida como pimenta”, filme de 1953 estrelado por Doris Day, poderia perfeitamente ter o animal em questão no papel principal, já que sua pele produz uma substância que provoca ardência e irritação, ao entrar em contato com os olhos, mucosas ou ferimentos na pele de quem os tocar ou abocanhar.
O nome rã-pimenta, aliás, designa várias espécies pertencentes ao gênero Leptodactylus, sendo Leptodactylus labyrinthicus a mais conhecida. No Brasil, ocorre principalmente na Região Sudeste, podendo também ser encontrada no Sul e Centro-Oeste. Também ocorre na Argentina, na Bolívia, no Paraguai e na Venezuela.

De hábitos terrestres e noturnos, vive em beiras de rios, lagos, riachos, brejos e outros corpos de água doce, permanentes ou temporários. Alimenta-se de invertebrados, capturados com sua língua comprida e pegajosa, e pequenos vertebrados, incluindo outros anfíbios. Rãs-pimenta são robustas, podendo alcançar mais de 18 centímetros. Apresentam coloração dorsal variando de marrom-claro a marrom-escuro, com manchas escuras espaçadas. O focinho é arredondado. Os machos são maiores que as fêmeas e apresentam estruturas córneas semelhantes a espinhos, no primeiro dedo e no peito, que os auxiliam a segurar suas parceiras durante o acasalamento.

As fêmeas são atraídas pelo canto dos machos, que determinam o local de construção do ninho, geralmente próximos a corpos d’água, onde serão depositados os ovos — a fecundação é externa. O ninho, formado por uma “bacia” cuja escavação é completada pela fêmea, é composto por um tipo de espuma, que protege a postura contra predadores aquáticos e ressecamento. Quando fortes chuvas fazem com que os ninhos transbordem, os girinos são então levados pela água para os corpos d’água adjacentes.

Curiosamente, apenas uma pequena parte dos “ovos” (6% a 10%) é fertilizada. A maioria, chamada de “ovos tróficos”, é utilizada pelos girinos em sua alimentação. Estes ovos são muito importantes para sua sobrevivência, pois caso haja alguma irregularidade na ocorrência das chuvas, serão sua fonte de alimento, até que a prole seja levada pela água, quando da inundação do ninho.

Apesar de sua caça ser proibida, a rã-pimenta é muito consumida como alimento. Por enquanto, esse consumo não chega a ameaçá-la, porém a contaminação de seu hábitat com agrotóxicos pode limitar sua capacidade reprodutiva. As mudanças climáticas também podem trazer prejuízos para aquela que é considerada a maior rã brasileira.

Fiquemos de olho!

Fonte: Fauna News

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