Meio ambiente

Corujas-buraqueiras fazem tocas em orla da praia

Presença de corujas no litoral do Paraná indicam sucesso em projeto de recuperação da vegetação de restinga

A revitalização da orla de Matinhos, no litoral do Paraná, está mudando o ecossistema da região. Programas de monitoramento ambiental identificaram a presença de novas tocas de corujas-buraqueiras (Athene cunicularia) nos canteiros de recuperação da vegetação de restinga da orla, uma faixa de 6,3 quilômetros entre Caiobá e o Balneário Flórida.
A espécie Athene cunicularia é conhecida popularmente como coruja-buraqueira ou caburé. O nome científico significa “coruja que cava túneis”, fazendo referência ao hábito da ave de cavar buracos para construir ninhos. A ave apresenta pequeno porte e coloração castanha com manchas beges na ponta das asas e se alimenta de animais de pequeno porte, como insetos, anfíbios e répteis.

A coruja-buraqueira é capaz de habitar ambientes alterados pela ação humana, podendo ser encontrada em áreas abertas das cidades, como no litoral do Paraná -, onde está sendo realizado um projeto de recuperação de restinga pelo Instituto Água e Terra (IAT) em parceria com o Consórcio DTA/Acquaplan. Por abrigarem os filhotes da ave, a presença das tocas é um sinal positivo de que as espécies locais estão voltando a ocupar a região após as intervenções.

A presença desses animais traz muitos benefícios para a fauna da região, ajudando no controle biológico de insetos. Agora, como esses animais estão voltando a frequentar a orla, é importante que o desenvolvimento do litoral esteja sempre alinhado com a preservação dessas espécies e de outras que podem potencialmente ocupar aquele espaço”, explica a bióloga do Escritório Regional do IAT, Mayara dos Santos Rodrigues.

Para ajudar a proteger a ave silvestre, além do monitoramento periódico, estão previstas também ações de educação ambiental sobre a espécie, destaca a gestora dos Programas Ambientais em Matinhos, Tamires Ferreira Lima.

(Foto: DTA/Acquaplan)

As corujas-buraqueiras estão em três locais já sinalizados com placas, indicando as tocas como meio de identificação e de conscientização da população. É preciso respeitar, por isso necessitamos que a informação correta chegue à população”, afirma.

Atraindo animais
A revitalização da Orla de Matinhos inclui a execução de serviços de engorda da faixa de areia por meio de aterro hidráulico, estruturas marítimas semirrígidas, canais de macrodrenagem e redes de microdrenagem. Além do sistema de drenagem, as obras contemplam a melhoria da pavimentação asfáltica e recuperação de vias urbanas.

Com tais intervenções, para além das corujas, o projeto está propiciando a aparição de aves aquáticas da espécie Nannopterum brasilianus, conhecidas popularmente como biguá ou mergulhão, e também uma variedade de garças, da família Ardeidae. Além disso, as estruturas marítimas viabilizaram a aparição de organismos como conchas e caracóis, a chamada fauna incrustante, que contribui para a biodiversidade local.

Um estudo realizado pelo Consórcio DTA/Acquaplan também mostra que foram avistados 56 grupos de botos-cinzas (Sotalia Guianensis) e toninhas (Pontoporia blaenvillei), espécies que correm risco de extinção, além de outros animais costeiros.

Já os caranguejos maria-farinha (Ocypode quadrata) foram atraídos pela engorda da faixa de areia e o replantio da restinga. Maria-farinha são crustáceos amarelos que se alimentam de tatuíras, mariscos, insetos e outros animais mortos trazidos pela maré.

Fonte: CicloVivo

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