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Legalizar jogos de azar on-line pode gerar caos na saúde pública, diz professor da USP

Especialista alerta que os países que legalizaram os jogos de azar online registraram um aumento na procura por atendimento médico

Por Alessandro Di Lorenzo

Uma portaria do Ministério da Fazenda enquadra modalidades de jogos de azar na categoria de jogos on-line. Isso significa a legalização da prática e o estabelecimento de algumas normas. Mesmo assim, isso pode ser negativo para o Brasil, segundo análise de professor da Universidade de São Paulo (USP).
Rodrigo Machado, psiquiatra do Programa de Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, afirma que a legalização dos jogos de azar online pode causar um verdadeiro caos na saúde pública. Segundo ele, o país não tem estrutura para tratar o vício em jogos.

O especialista lembra que os países que já adotaram a legalização desses dispositivos registraram um aumento na procura por atendimento especializado de até quatro vezes. Essa realidade, de acordo com o professor, exige que os sistemas de saúde estejam preparados para lidar com a alta demanda.

Nós entendemos que essa nova medida pode trazer potenciais benefícios financeiros para um país, obviamente isso deve acontecer. No entanto, para isso acontecer de fato é necessário que os países estejam devidamente preparados e estruturados, com um plano de ação muito adequado a como fornecer saúde para essa população e como capacitar profissionais para lidar com esses novos pacientes”, explica Rodrigo Machado, professor da USP.

Conforme o psiquiatra, a falta de capacitação de profissionais médicos é um grave problema. Ele explica que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) frequentemente não possuem a formação necessária para tratar essas condições.

Neste cenário, ele ressalta a necessidade de formar e preparar bem os psiquiatras de linha de frente e médicos da família para lidarem com casos de vício em jogos de azar. Essa preparação deve incluir, segundo o professor, programas de educação amplos e a formação de um número maior de psicólogos e psiquiatras qualificados. Outra questão levantada é a dificuldade de acesso a tratamento para pessoas que vivem em áreas remotas ou menos acessíveis. As informações são do Jornal da USP.

Problema de saúde
O vício nos jogos de azar é considerado uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 2018.
Ela é caracterizada por comportamentos compulsivos e perda de controle, semelhantes a outros tipos de dependências.
Os sintomas incluem tolerância crescente, sintomas de abstinência e prejuízos funcionais em várias áreas da vida, como social, familiar e financeira.
Na maioria dos casos, os pacientes só buscam tratamento quando enfrentam perdas significativas, como grandes dívidas ou problemas familiares.
Devido a isso, a educação, o diagnóstico e a intervenção precoces são cruciais, além da intervenção da própria família, que pode ser determinante para evitar o agravamento da condição.

Fonte: Olhar Digital

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