Política

Desembargador Sebastião Coelho fala sobre política e (in)justiça no Brasil

“A esquerda voltou refinada, mas com o mesmo modus operandi. Constatamos que práticas antigas estão novamente se tornando corriqueiras”

Nesta quarta-feira (07), o comitê do pastor Dinho, candidato a vereador pelo Partido Liberal (PL-Serra), foi inaugurado com a presença do magistrado Sebastião Coelho. Nascido em Santana de Ipanema (AL), Sebastião Coelho ingressou na magistratura do Distrito Federal, em 1991, vindo a se aposentar do cargo de desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Em setembro de 2022, renunciou ao posto de vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), em protesto à posse do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na ocasião, Coelho criticou o pronunciamento de Moraes durante a posse e afirmou que o ministro fez uma “declaração de guerra ao país”.

Em entrevista à Coluna, Coelho ressaltou que Alexandre de Moraes já devia estar preso.

No Brasil, estamos vivendo um momento de completa instabilidade. O governo que aí está, está fazendo o que sempre fez, só mudou a roupagem de democracia. Só se enganou quem quis. O padrão dos governos Lula/Dilma é o mesmo caos. Sempre digo que as pessoas não mudam, elas envelhecem. Brinco, às vezes, dizendo que os canalhas velhos eram canalhas quando novos, só muda a faixa etária. Ninguém muda de uma hora para outra, a menos que tenha um encontro com Cristo, assim acredito”, frisou.

Na sequência, o ex-desembargador falou sobre a sua trajetória pessoal e profissional, “sou nordestino, de Alagoas, e de ontem para cá me tornei cidadão espírito-santense, recebi o título de cidadão honorário e me entristece muito saber que parte da população ainda se deixa levar por promessas. Se pararmos um minuto para analisar vamos constatar que a promissão não é factível, é impossível de se realizar, mas existem pessoas que acreditam, umas por conveniência outras, por boa-fé”, salientou.

De acordo com Coelho, a situação de hoje é mais grave do que à que levou Dilma ao impeachment. “Nessa minha caminhada não falava de política, meu lema sempre foi liberdade e justiça. Como eu entendo que quem mais vem oprimindo a população é o Supremo Tribunal Federal, não tem como eu me dissociar da política, até porque, o STF e o atual governo agem como um consórcio. Falo para muitos parlamentares que precisam dar um basta, mas muitos perguntam como, se são minoria. Oriento que, através de obstruções, de ações concretas, e que não adianta ficar falando apenas da tribuna, pois não vai resolver”.

A instabilidade é notória e o maior causador dessa situação é o Supremo Tribunal Federal, porque a política tem a sua dinâmica. Bolsonaro quebrou aquela hegemonia, eles não imaginavam que um deputado do baixo clero pudesse chegar à presidência e mudar a história, isso assustou todos eles. A esquerda voltou refinada, mas com o mesmo modus operandi. Constatamos que práticas antigas estão novamente se tornando corriqueiras”, destacou.

“Minha situação é até engraçada. O que é ser antidemocrático ou ser extrema-direita? A pessoa de extrema-direita é aquela que não concorda com eles, e antidemocrática é a pessoa que fala contrariando (risos). Por essa linha, sou considerado um cidadão antidemocrático… imagina, levei minha vida como cidadão, fui professor, prestei concurso, fui juiz por mais de trinta anos e, no dia que aposentei, por dizer que que não concordava com o que estava acontecendo fui tachado como antidemocrático. Logo depois, a primeira matéria que teve, uma jornalista me descreveu como o desembargador bolsonarista, sem nunca ter emitido opinião política. Quando estava na ativa eu era rigoroso, fui corregedor do Tribunal Eleitoral e, na minha posse, recomendei aos senhores juízes que saíssem das redes sociais. Juiz não é artista, não é personalidade para ficar se expondo, fui muito firme”.

Coelho exemplificou suas falas. “Há pouco tempo, um ministro questionou na imprensa: “agora o Supremo é culpado de tudo?”. No meu ponto de vista sim, pois a política tem sua dinâmica, suas brigas, e o Poder Judiciário tem a função de apaziguar. No 8 de janeiro, na solenidade de horrores, no salão negro do Senado, o ministro Alexandre de Moraes disse com todas as letras, “nós não queremos apaziguamento”. Então, quando um ministro da Suprema Corte diz que não quer apaziguamento ele quer o quê? Em resumo, o povo não está em estado democrático de direito, na verdade estamos num estado de exceção”, afirmou.

Perguntado sobre a importância das eleições municipais para o pleito de 2026, o desembargador aposentado foi preciso: “as eleições municipais têm uma característica singular. As pessoas costumam votar no vizinho, porque acham o cara gente boa e isso é muito perigoso. A pergunta que devemos fazer é, ‘ele é um bom vizinho, mas seria um bom representante?’, aí, temos duas situações, pode acabar perdendo seu voto, por não se eleger ou, se eleito, não te representar como prometido”, destacou.

“Voltando à pergunta, que é pertinente, as eleições municipais são importantes para a formação da base e, mais importante que isso, juntar princípios. Não adianta se juntar com pessoas com valores diferentes. Bolsonaro deu uma orientação importante dias atrás, quando falou que o PL está proibido de se coligar com partido de esquerda e eu concordo. Não consigo entender como pessoas que foram eleitas, literalmente, com o nome Bolsonaro nas costas — com discursos em defesa da família, da liberdade, da pátria, de Deus acima de tudo, quando chegam ao Congresso Nacional — votam 80% a favor da pauta da esquerda”.

“Eu estive num encontro em uma igreja, onde um desembargador da ativa, pessoa muito importante, falou que temos que trazer todos para Cristo e fez uma pergunta, se o presidente Lula se converter hoje, qual igreja ele vai congregar? Chamando à união. Na minha fala, disse concordar com tudo que o colega falou, porém, noutra circunstância. Estamos numa reunião religiosa, mas também trata-se de uma questão política. O momento é de saber quem é meu adversário. Não é hora de dar um carinho às pessoas que defendem a pauta abortista. Negativo, temos que dar um pontapé. Às vezes, o crente é meio ingênuo. Devemos perdoar, mas o momento não propicia isso, devemos estar atentos”, aconselhou.

“Um pastor, certo dia, lembrou- me que sou cristão e que as coisas não podem ser assim e eu lembrei a ele que nosso Deus é um Deus de justiça. Defendo e vou continuar defendendo e não é segredo que, por justiça da terra e por justiça divina, penso que o cidadão Alexandre de Moraes precisa perder o cargo e ser preso, por todas as perversidades que ele já fez até agora, até mesmo para fortalecer a fé de que foi perverso, mas pagou pelo o que fez”.

Para Coelho, estamos num momento de guerra e quem retrata bem isso é Israel, quando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu diz: “‘se nós vencermos o Hamas, venceremos o grupo terrorista, mas se nós perdermos, será a eliminação do nosso país’”, ou seja, nessa eleição, se nós entregarmos o poder para a esquerda estaremos sacrificando nosso país”.

“Para finalizar, aproveito o momento para agradecer a hospitalidade de vocês capixabas e a você Haroldo, em nome de toda equipe do jornal Fatos & Notícias e pedir que tenhamos fé, que o momento é difícil, mas que as dificuldades vêm para fortalecer-nos e fazer-nos enfrentar outras que, porventura, aparecerem”.
O evento contou ainda com a presença dos candidatos a prefeito, Igor Elson (PL) e do seu vice, Cabo Cassoto; dos empresários Tadeu Tomaz (programa Momento Imobiliário (TV Capixaba)) e Michel Brugnoli (Global Promotion MKT), além de simpatizantes.

Haroldo Filho

Haroldo Filho

Jornalista – DRT: 0003818/ES Coordenador-geral da ONG Educar para Crescer

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