Cientistas descobrem um terceiro estado entre a vida e a morte
Pesquisadores investigam como certas células são capazes de se reorganizar em novas formas após o organismo original morrer
Um novo conceito intrigante está emergindo no campo da biologia: a ideia de um “terceiro estado” situado entre a vida e a morte. Pesquisadores investigam como certas células podem continuar a funcionar, e até mesmo se reorganizar em novas formas de vida multicelular, após o organismo original morrer. Um estudo sobre o tema foi publicado na revista Physiology.
Observações recentes demonstraram que células retiradas de embriões de rãs mortas podem formar organismos multicelulares denominados xenobots. Esses organismos, compostos por células da pele, são capazes de se locomover utilizando cílios, estruturas normalmente associadas ao transporte de muco em embriões vivos. Além disso, eles realizam uma forma incomum de autorreplicação cinemática, reorganizando suas estruturas sem depender de crescimento.
Outro exemplo fascinante envolve células pulmonares humanas, que podem se reconfigurar em “anthrobots”, miniorganismos multicelulares que se movem e até auxiliam na reparação de células neuronais lesionadas. Essas descobertas destacam a incrível plasticidade dos sistemas celulares, sugerindo que a morte do organismo pode ser um catalisador para transformações inovadoras.
Em um artigo publicado no site The Conversation, Peter A. Noble e Alex Pozhitkov, autores do estudo, explicam que fatores como condições ambientais, atividade metabólica e métodos de preservação influenciam a sobrevivência celular pós-morte. Algumas células humanas, como os leucócitos, sobrevivem por até 86 horas após a morte, enquanto outras, como células musculares de camundongos, podem ser regeneradas dias depois. Técnicas como criopreservação são essenciais para prolongar a funcionalidade de tecidos, ampliando as possibilidades de uso médico.
O impacto desse “terceiro estado” vai além da biologia básica. Seres multicelulares como os anthrobots poderiam ser usados em terapias direcionadas, como dissolver placas arteriais ou administrar medicamentos sem ativar o sistema imunológico. Embora ainda em fase inicial, essas descobertas prometem abrir caminhos para avanços significativos na medicina personalizada e preventiva.
Essa pesquisa tem o potencial de transformar a medicina regenerativa, redefinir a morte legal e fornecer conhecimento sobre os limites fisiológicos da vida, paralelamente às investigações sobre embriogênese”, concluíram os autores. No entanto, o desenvolvimento dessas formas de vida levanta questões éticas e filosóficas sobre a definição de vida e os limites biológicos.
Fonte: History Channel Brasil