Educação

Neurociência: o lobo temporal e sua importância na aprendizagem

O lobo temporal é uma parte do cérebro que é fundamental para a aprendizagem, pois está envolvido na memória, no processamento de linguagem e na audição. Situa-se abaixo dos dois lobos anteriores, dos quais é separado pelo sulco lateral. Está presente em cada lado do cérebro, perto das orelhas. O lobo temporal é o segundo maior lobo do cérebro — ficando atrás apenas do lobo frontal — e possui cerca de 20% do volume do neocórtex. Esse lobo ocupa grande parte da fossa média do crânio, e seu nome deriva da sua proximidade com o osso temporal.
O lobo temporal contém as áreas corticais que processam a audição, bem como os aspectos sensoriais da fala e da memória. O lobo não dominante está envolvido no aprendizado e na lembrança de informações não verbais, como a música. Danos nos lobos causam dificuldade em compreender palavras, o que vemos e ouvimos, em aprender e reter novas informações e em reconhecer rostos.

Danos no lobo temporal
Podem causar alterações na personalidade, autoimagem, autopercepção, e comportamentos automáticos
Podem provocar dificuldades para planejar ou coordenar ações
Podem acarretar dificuldades para navegar pelo mundo.

O lobo temporal, como ocorre com todas as estruturas cerebrais, tem um hemisfério direito e um hemisfério esquerdo. Além disso, possui várias estruturas com múltiplas interconexões que favorecem certo tipo de funções. As mais conhecidas e estudadas que se fazem necessárias à aprendizagem são as seguintes:

✓ Percepção auditiva: a percepção auditiva é uma habilidade fundamental para o desenvolvimento da leitura, pois influencia a capacidade de ouvir, discriminar e sequenciar sons. A percepção auditiva é uma habilidade cognitiva que depende dos processos cognitivos e conhecimentos prévios. Fazer adivinhar o som de objetos que fazem sons diferentes, como chocalho, apito, zíper, ou sacolas plásticas. A discriminação auditiva é fundamental para o desenvolvimento infantil, especialmente na alfabetização.

✓ Memória: a memória é fundamental para a aprendizagem, pois permite armazenar e ligar informações. Ela é a base para o desenvolvimento cognitivo, ajudando a guardar conhecimentos e conteúdos, contribuindo para a evolução das habilidades cognitivas, permitindo a associação de novas informações com as já armazenadas, orientando pensamentos e decisões e também influenciando reações emocionais. A memória é um dos processos psicológicos mais importantes, e está relacionada com a função executiva. São tipos de memória: auditiva, visual e sinestésica.

✓ Fala: a capacidade de ouvir a fala claramente e se ouvir é importante para o desenvolvimento da oralidade. Ela também é fundamental para a aprendizagem, pois é por meio dela que as pessoas se socializam, constroem conhecimentos e se expressam. A oralidade é um caminho para a alfabetização, e o desenvolvimento da fala contribui para o desenvolvimento cognitivo e social.

✓ Percepção visual: a percepção visual é uma habilidade fundamental para a aprendizagem, pois permite interpretar e organizar as informações visuais do ambiente. Permite identificar e reproduzir letras e números, ajuda a compreender a direção da escrita e a orientação espacial das letras, permite reconhecer objetos comuns, ter coordenação olho/mão, permite reter imagens visuais, aprender a interpretar as formas dos objetos e a acessar informações sobre os objetos. A percepção visual se desenvolve gradualmente até os oito ou dez anos de idade.

A aprendizagem não é apenas absorver passivamente os conteúdos. Para que ela se cristalize, faz-se necessária a interação de uma rede de complexas operações neurofisiológicas e neuropsicológicas que associem, combinem e organizem estímulos fornecidos pelo meio e a eles deem as respostas mais adequadas, assimilações e fixações que possibilitem futuras evocações que são desenvolvidas entre os lobos cerebrais.

As emoções são essenciais ao funcionamento cognitivo e à aquisição de conhecimento. Uma situação de aprendizagem que estimule e motive a criança/adolescente tende a ser mais eficaz, sobretudo para as crianças. A interface de estímulos é essencial para a aprendizagem. Atualmente, muitos professores têm, pedagogicamente, trabalhado de forma em que a motivação, o envolvimento entre aluno, professor e o conteúdo, se façam através de uma compreensão do funcionamento cerebral, pois são fundamentais para que se garanta uma aprendizagem ágil e eficiente.

Léia Flauzina

Léia Flauzina

Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga, Especialista em Autismo, Neurociência, Aprendizagem e Mestre em Educação, Escritora, Palestrante e Neuroterapeuta

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