Desaprovação à política econômica de Lula dispara e Haddad perde força no mercado financeiro

Imagem de Haddad como “freio” de Lula despencou entre agentes do mercado financeiro
Por Guilherme Grandi
Os agentes do mercado financeiro dispararam a avaliação negativa da política econômica de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sinalizaram que o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, está cada vez mais fraco dentro do governo, de acordo com uma nova rodada da pesquisa Quaest divulgada nesta quarta (19). A divulgação ocorre no mesmo dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, divulgará a atualização da taxa básica de juros que deve subir dos atuais 13,25% para 14,25%.
Segundo os agentes ouvidos pela Quaest, o trabalho de Haddad na Fazenda é avaliado como negativo por 58%, enquanto que o positivo despencou para apenas 10%. É uma inversão do que foi apontado na última pesquisa de dezembro:

A nova pesquisa mostra uma deterioração da avaliação daquele que era visto como o ministro mais forte do governo, apontado anteriormente pelo mercado como uma espécie de freio de Lula na tomada de medidas de gastança de recursos públicos. O mercado financeiro passou a ver uma força de Haddad cada vez menor (85%), ante 61% apurados em dezembro. Por outro lado, apenas 1% dos entrevistados acredita que ele tem uma força maior no governo, e 14% igual.
Em uma avaliação geral da política econômica do governo, 88% avaliam como negativa (era 90% em dezembro), 4% positiva e 8% regular. Isso se reflete na sensação de que está indo na direção errada para 93% dos entrevistados, enquanto que apenas 7% veem na direção certa — eram 96% e 4% em dezembro, respectivamente.
Crise dos alimentos
Isso ocorreu principalmente por conta da disparada dos preços dos alimentos, apontada pelo mercado financeiro como a principal responsável pela queda da popularidade de Lula (64%), além de equívocos na condução da política econômica (56%):

Nessa questão dos alimentos, o governo Lula anunciou uma série de medidas para tentar baixar os preços, entre elas a redução das taxas de importação de alguns deles. No entanto, 90% dos entrevistados acreditam que não irá ajudar, 8% que sim e 2% não souberam opinar. Para os agentes ouvidos pela Quaest, Lula é o principal responsável pela direção que a economia do país está tomando (92%), Haddad com apenas 5%, o Congresso com 2% e o Banco Central com 1%.
A ‘culpa’ recai sobre Lula, porque é ele que, na opinião dos agentes do mercado, é o principal responsável pela direção da política econômica do país”, Felipe Nunes, CEO da Quaest
Já a expectativa para os próximos 12 meses é de que a economia piore no país para a maioria dos entrevistados (83%), enquanto que apenas 4% acreditem numa melhora e 13% veem que ficará do mesmo jeito:

Para o restante do ano, 58% acreditam que o Brasil corre o risco de entrar em recessão, enquanto que 42% não veem essa possibilidade. O pessimismo se estende à expectativa para a inflação deste ano, em que 82% veem um aumento — mesmo com a alta da taxa básica de juros pelo Banco Central — 16% acreditam que não haverá mudança e 2% confiam em uma redução.
A inflação, inclusive, é apontada como o principal risco de Lula na possível tentativa à reeleição no ano que vem. Embora ele diga que não pensa em 2026, a avaliação de especialistas é de que o governo já entrou em “modo campanha” para tentar reverter a desaprovação e anunciar medidas de boa aderência na população, como mais recentemente o projeto de lei que aumenta a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e crédito do Minha Casa, Minha Vida para a classe média:
- Aumento da inflação: 80% de maior risco;
- Baixa popularidade do presidente: 67%;
- Estouro da meta fiscal: 32%;
- Intervencionismo na economia: 31%;
- Baixo crescimento econômico: 20%;
- Confronto com o Congresso: 14%;
- Guerra comercial com os Estados Unidos: 12%;
- Desaceleração da economia chinesa: 8%.
A Quaest ouviu 106 analistas do mercado financeiro, gestores, economistas e tomadores de decisões entre os dias 12 e 17 de março, com uma margem de erro de 3,4% para mais ou para menos.
Fonte: Gazeta do Povo