Aranha “mutante” criada por cientistas produz teias vermelhas

Projeto alemão criou aranha geneticamente modificada que é capaz de produzir teias vermelhas
Por Isabela Oliveira
Pela primeira vez, cientistas criaram uma aranha geneticamente editada que tece seda vermelha fluorescente em suas teias. Usando engenharia genética, o projeto da Universidade de Bayreuth, da cidade de mesmo nome na Alemanha, resolveu um grande desafio genético de longa data.
A seda manteve suas propriedades naturais, continuando leve, forte e biodegradável. Contudo, a teia se mostrou capaz de brilhar sob certas condições de luz. O relatório está disponível no jornal Angewandte Chemie International Edition, da Sociedade Alemã de Química (GDCh).
De acordo com o pesquisador sênior Dr. Thomas Scheibel, o objetivo do estudo é expandir a funcionalidade da seda de aranha. Isso porque, usando o CRISPR, ela poderá ganhar novos usos na medicina, ciência dos materiais ou tecnologia vestível.
Como cientistas fizeram aranha produzir teias vermelhas?
O CRISPR-Cas9 é uma técnica de edição genética que utiliza a enzima Cas9 para cortar DNA em locais específicos, guiada por um RNA guia. Ele já foi amplamente usado em muitas áreas, incluindo agricultura e medicina. Porém, as aranhas continuaram elusivas devido à complexidade dos seus genomas e personalidades pouco colaborativas, como apontou o site BGR.
No entanto, os pesquisadores contornaram esses problemas com a injeção de uma mistura personalizada de edição genética nos ovos não fertilizados de uma aranha doméstica comum. Então, a aranha geneticamente editada produziu seda infundida com uma proteína fluorescente vermelha.
Além disso, a equipe utilizou a técnica de silenciamento genético como CRISPR-KO para desativar o gene “so”, que acreditam controlar o desenvolvimento dos olhos. Aranhas que possuem esse gene desativado nasceram sem olhos, o que comprova a ligação genética e abre caminho para insights biológicos profundos sobre os aracnídeos.
Agora, além de confirmar que as aranhas podem ser geneticamente editadas, os cientistas estão certos de que elas podem transmitir essas características sem perder as qualidades de suas sedas. Ademais, a edição genética ainda pode ter potencial para uso em outras espécies.
Fonte: Giz Brasil