A arte de superar: como a adversidade nos faz mais forte

Por Kelly Mantovani

Chega um momento na vida em que a gente para e se pergunta: até quando vou ficar paralisado pelas adversidades? Até quando vou permitir que os obstáculos me parem e me impeçam de prosseguir? Eu sei bem o que é se sentir assim, e quero te contar a minha história, que me fez descobrir que a superação não é um dom, mas uma arte que a gente aprende a dominar.
Sabe, desde pequena, minha paixão era o vôlei. Eu vivia e respirava aquele esporte, treinando com uma intensidade que pouca gente entende. Cada salto, cada cortada, cada treino exaustivo me levava mais perto dos meus sonhos. Eu acreditava que o esporte era a minha identidade, o meu lugar no mundo. Mas, como todo atleta descobre, a vida no esporte é uma montanha-russa, com seus altos gloriosos e seus baixos desafiadores. E eu? Ah, eu não fui exceção.
Foi em um desses “baixos” que tudo desmoronou. Uma lesão grave me tirou de quadra, me obrigou a parar todos os esportes que eu tanto amava. Imagina a dor? Não só a física, mas a da alma. Era como se arrancassem um pedaço de mim. Eu me vi perdida, sem rumo, e a ideia de nunca mais competir era um peso insuportável no meu peito. A frustração era um nó na garganta. A impaciência, uma chama que me consumia. Naquele momento, eu questionei tudo: meu propósito, minha capacidade, o meu futuro. Será que eu conseguiria me reerguer? Será que a paixão de uma vida inteira seria engolida por um único revés? Essas perguntas martelavam na minha cabeça, ecoando o vazio que sentia.
Mas foi no meio desse furacão que eu comecei a enxergar uma verdade que mudaria tudo: a adversidade pode ser a nossa maior professora, a maior oportunidade de crescer e aprender. Eu percebi que, se quisesse ter alguma chance de voltar, precisaria mudar minha perspectiva. Durante a recuperação, eu tive que encarar meus limites, aprender a lidar com a frustração e encontrar novas formas de me manter ativa, mesmo que não fosse dentro da quadra. Comecei com pequenas caminhadas, depois exercícios leves, sempre prestando atenção aos sinais do meu corpo. A cada dor, a cada recuo, vinha a tentação de desistir, mas algo dentro de mim sussurrava para continuar.
Foi um processo, sim, doloroso, mas incrivelmente transformador. Eu comecei a valorizar cada pequena vitória, cada passo adiante na minha recuperação. Aprendi a cuidar do meu corpo de uma forma que nunca tinha feito antes. A fisioterapia, antes vista como um fardo, se tornou um ritual de autocuidado e fortalecimento. E, mais importante, descobri que havia muito mais em mim do que apenas minhas habilidades atléticas. Desenvolvi uma autoconfiança e uma resiliência que eu nem sabia que possuía. Aprendi a lidar com a pressão e o estresse de uma maneira muito mais saudável, entendendo que a mente é tão importante quanto o corpo na jornada de superação. Passei a ver cada dia como uma nova chance de me provar, não aos outros, mas a mim mesma.
Hoje, depois de uma longa jornada de recuperação e reabilitação, estou de volta. E sinto que estou mais forte do que nunca, não só física, mas mentalmente. Aprendi a amar o processo, a valorizar cada pequeno passo em direção ao meu objetivo. Sei que a jornada não será fácil, que novos desafios surgirão, mas estou pronta para encarar cada um deles e superar qualquer adversidade que aparecer. A lesão, que antes parecia o fim, se tornou o catalisador de uma versão mais forte e completa de mim mesma.
A lição que essa experiência me trouxe é clara: o processo é o caminho para a vitória. Não se trata apenas de alcançar o objetivo final, mas de quem você se torna, de como você se desenvolve e cresce ao longo do caminho. É sobre aprender a dançar com a adversidade e encontrar oportunidades onde antes só via dificuldades. É sobre transformar a dor em combustível, a dúvida em determinação.
Estou ansiosa para voltar às quadras e competir novamente. Mas, desta vez, a verdadeira vitória não será só ganhar ou perder e, sim, a jornada que eu faço para chegar lá. Estou mais forte, mais resiliente e mais determinada do que nunca.
E você, até quando vai permitir que a vida te paralise? Chegou a hora de escrever a sua própria história de superação.
Kelly Mantovani
Formada em Educação Física, pós-graduada em Nutrição Esportiva, com especialização em Inteligência Emocional, uma profissional apaixonada por saúde e bem-estar