Aromas afetivos: descubra como cheiros do passado influenciam nossa saúde

Cheiros que marcam a memória também podem despertar conforto, conexão e equilíbrio emocional; entenda
Por Isabella Bisordi
Em uma caminhada pelo bairro, os aromas tomam conta: o cheiro da grama recém-cortada, o churrasco vindo de algum quintal, o leve cheiro de cloro. Em um instante, você é transportado, como em um passe de mágica, para os dias ensolarados da juventude, mergulhos em piscinas com os amigos e o calor acolhedor da presença da família.
Esse mergulho emocional tem nome: nostalgia. E ela vai muito além da saudade. A Psicologia moderna mostra que reviver essas memórias afetivas, despertadas por cheiros, músicas ou sabores, tem um papel importante no bem-estar emocional, social e físico.
Por muito tempo, viu-se a nostalgia como algo negativo, despertando um sentimento de melancolia. No século XVII, o termo era utilizado para descrever o sofrimento de soldados longe de casa. Mas hoje, pesquisadores a reconhecem como uma emoção essencialmente positiva, embora envolta em leve saudade. Afinal, é capaz de trazer conforto, pertencimento e sentido à vida.
Primeiramente, a ciência já comprovou: os cheiros têm o poder de nos levar para uma viagem no tempo. Aromas como o de talco de bebê ou especiarias de torta, por exemplo, evocam lembranças intensas e provocam emoções positivas, conexão social e otimismo.
Segundo Chelsea Reid, professora de Psicologia da Faculdade de Charleston (EUA) ao The Conversation, os alimentos também são gatilhos poderosos de nostalgia. Eles nos conectam com pessoas, tradições e momentos compartilhados. Uma fatia de melancia em um dia quente, um bolo feito pela avó… essas memórias alimentares nos nutrem de afeto e de energia.
Lembrar também é cuidar
Reconhece-se a nostalgia, hoje, como um caminho legítimo de autocuidado. Em tempos de excesso de estímulos e distanciamento, ela oferece abrigo e nos conecta com o que é essencial: nossa história. Cultivar esse sentimento é uma forma de lembrarmos que ainda somos feitos de momentos bons — e que eles continuam vivos dentro de nós.
Fonte: Bons Fluidos