Cohousing: novo modelo de moradia para idosos vira tendência

O cohousing propõe envelhecer com companhia, propósito e bem-estar; saiba como funciona esse modelo de moradia coletiva e seus benefícios
Por Isabella Bisordi
Envelhecer com qualidade de vida vai muito além de cuidar da saúde física — passa também por manter vínculos afetivos e um senso de comunidade. É pensando nisso que, cada vez mais, idosos buscam um modelo de moradia pouco conhecido no Brasil: o cohousing.
A ideia, que surgiu na Dinamarca nos anos 1970 e ganhou força em países como Espanha, Inglaterra e Estados Unidos, é simples, mas transformadora: criar comunidades autogeridas, onde cada pessoa tem sua casa privativa, mas compartilha espaços coletivos, como cozinhas, hortas e salas de convivência. O diferencial do cohousing é que a afinidade entre os moradores é critério essencial. Afinal, o objetivo é construir laços de confiança e apoio mútuo. Isso é especialmente relevante na terceira idade, quando o risco de isolamento é maior.
Trata-se de uma filosofia que nutre a segurança emocional e surge como resposta ao isolamento, conferindo senso de pertencimento e propósito, além de combater a solidão, um dos maiores fatores de risco para a depressão em idosos”, explica a psicóloga Mariana Simões, do Grupo Valsa, em entrevista à Veja.
Vera Vital Brasil, 79, psicóloga e futura moradora da Vila Puri, enxerga no projeto uma continuidade de valores que sempre defendeu. “Sou de uma geração que lutou por uma vida coletiva, solidária e fraterna. Gosto da ideia de ter uma casa privativa, mas estar entre pessoas conhecidas, vivendo uma experiência coletiva”, afirma.
O cohousing já inspira comunidades em diversos países. Em Madri, o projeto Trabensol reúne idosos em um complexo cooperativo que compartilha refeições e decisões. Em Londres, mulheres do grupo OWCH criaram sua própria comunidade, baseada em independência e apoio mútuo.
No Uruguai, o Carpe Diem se organiza em torno de assembleias sobre detalhes do dia a dia, como a horta ou a cor das paredes. Nos Estados Unidos, o Silver Sage Village promove jantares coletivos e encontros culturais. Em comum, todos esses exemplos mostram que o verdadeiro luxo está na convivência. Como resume Charles Durrett, arquiteto que cunhou o termo: “o luxo não é a piscina aquecida, mas o lugar onde vizinhos administram suas vidas em conjunto”.
Ainda em fase inicial no país, o cohousing desperta cada vez mais interesse. Projetos como o Vilarejo Sênior Vale do Éden, em Saquarema (RJ), apontam para um futuro em que envelhecer poderá ser sinônimo de compartilhar: histórias, afetos, responsabilidades e também alegrias. Mais do que um modelo de moradia, o cohousing representa um novo jeito de viver a longevidade: cercado de amigos, cercado de propósito e, sobretudo, longe da solidão.
Fonte: Bons Fluidos












